Apaixonado… Sempre!

Era curioso, ele ouvira falar que quando se está apaixonado, a energia despendida de pensamentos para a outra pessoa é tão grande que deixamos de fazer as coisas que faríamos no dia a dia pelo simples fato de “perder” esse tempo e na real, esse sentimento é muito bom…

É o tal gostar de alguém, ele comentou em uma mesa de bar, tomando um suco natural de melancia, enquanto o resto dos camaradas tomavam suas cervejas fervorosamente… Também chamo isso de um tipo de paixão, você pode ser apaixonado por qualquer coisa, de verdade…

Então você deixa de trabalhar, provavelmente atrasa para alguma reunião importante, não acelera o passo para nada, e se pega contemplando tantos lugares que você nem imaginava existir, mas curioso olhava para tudo pensando em marcar encontros pontuais para agradar a si e à outra pessoa…

E de novo caímos no velho papo enlouquecido das escolhas, afinal, se só temos uma vida, já que não nos lembramos de outras (segundo consta em mitos por aí afora), o que é melhor de se escolher; pagar às contas e cumprir aqueles numerinhos pequeninos de relógios… ou uma paixão alucinada, uma pintura abissal, uma lebre cor de rosa, uma margarida plantada em um vaso verde, uma nuvem em forma de ursinho, uma travessia por uma floresta montanhosa… Hmmm… 😉

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Recortes…

E é quando se têm a incrível sensação de que as coisas vão bem demais e que seguir assim poderia ser como viver em um sonho…

São duas horas da manhã e dava para ouvir aquele barulho constante da vida acontecendo lá fora…

Ele acendeu outro cigarro, tinha se prometido parar, mas a ansiedade não deixava… E ansioso por que mesmo… A vida segue um roteiro que está sendo escrito no momento em que as coisas estão sendo feitas, sentidas, imaginadas e vividas pelas pessoas perdidas nas ruas acidentadas pelas luzes amarelas dos postes; e por aí mesmo, se conectando, criando laços fugazes em meio as fumaças de cigarros e bebidas geladas como as almas daqueles ali. E ele não gostava desse roteiro.

Preferia trocar o canal, como alguns diziam em suas gírias mundanas, batendo seus copos em brindes falsos de quinze segundos. Os quatro estavam reunidos e muito dispostos a colocar em prática aquele plano de subserviência mundial… Era chegado a Era da Estupidez…

Tá sentindo a energia, o universo está conectado, em algum lugar estava escrito ou alguém ouviu aquela mensagem que chegou até o povo como um telefone sem fio, ninguém se entendia e entendia-se nada…

Então foi assim que tudo começou, parece um conto de fadas, pois ninguém espera mesmo que duas pessoas de sexo opostos deixem de se interessar além do que uma boa amizade de bate-papo.

Fora o tanto de inspiração…

Eles estavam reunidos em volta de um banco qualquer. Em cima havia um computador tocando música em um desses sites e eles iriam brindar com alegria a vida… Os baseados enrolados foram acesos ao mesmo tempo deixando todo o ar daquela sala inebriante e leve. Como é a brisa que já tiveram, são tantas e tão diferentes, depende de tantos fatores, e com ele no entanto, incrível a sensação, era quase sempre como a primeira vez, e sentia-se muito bem…

Como é que Você Está?!

Tudo bem? Ele puxou a cadeira para que ela pudesse se sentar e ela agradeceu com uma risada e uma dessas piadas que rolam sobre as diferenças bestas entre gêneros, e os dois num belo entendimento continuaram rindo em consenso ao que importava entre eles, o interesse para o bom e o bem, e nada mais…

Acho diferente um terapeuta atender em um… café? Ela mexia nos volumosos cabelos pretos e ele acompanhava tudo com os olhos, analisando cada detalhe de seus gestos… Bem, aqui não é exatamente um café, café… Está mais para um desses Pubs sabe, tipo coisa de gringo, luz baixa, rock and roll e tudo mais… Acontece mais a noite, eles resolveram abrir de dia também, servem agora o café, e aqui estamos! Ela estava toda sorrisos, uma boca linda e vermelha de baton. Ele usava um óculos de aros finos e um bigodinho de “cafajeste” de filmes da pornochanchada brasileira. Era um sujeito engraçado, o terapeuta.

Bem, essa é a nossa primeira sessão. Eu costumo utilizar métodos variados e diferentes dependendo do caso. Quando você me ligou essa semana, pensei qual seria o melhor jeito de abordar uma pessoa com suas características iniciais para eu analisar e lhe devolver o melhor relatório particular e completo de possíveis soluções para, hmmm, digamos, aquilo que você considera problemas em sua vida. Esse homem, usando uma camisa fina e branca com linhas finas em tons azuis, sentava de frente para sua cliente com uma visão angular de toda a extensão da praia. O lugar se situava em cima de uma pequena inclinação colocando-o em posição privilegiada para ver parte da cidade de um lado e do outro com maior visão a imensidão calma do oceano. Ela voltou a mexer nos cabelos, e eles continuaram assim por mais alguns minutos, se conhecendo, ele apresentando alguns pontos incisivos de seu roteiro como terapeuta e ela curiosa em saber como aquilo se daria.

Primeiro ponto, você não pode espelhar e nem mesmo transferir qualquer sentimento ou emoção sua para mim. Eu estou aqui para te ouvir, e quem sabe aconselhar, apesar de eu não gostar muito de conselhos, nem para mim, ou o outro. Acredito no empirismo, sua experiência é só sua, e é por isso que é preciso compartilhar, e quem ouve, tem que ficar quieto, saber ouvir, sentir as emoções de quem fala. Isso confunde bastante a cabeça das pessoas, e com gentileza lhe digo, não sou um bom homem. Sou um ótimo doutor, mas tenho muito defeitos masculinos. Deram risadas enquanto a atendente chegava com um pequeno cardápio. Enfim, escolhi o café pois senti uma profunda empatia por você. Acreditei que se sentiria mais tranquila e confiante para me conhecer e abrir seu íntimo para uma pessoa que nunca viu, e só por que tem um diploma pendurado em uma parede sem vida e leitosa, naquela luz baixa que escurece e deixa o lugar com uma atmosfera meio, fúnebre, não significa nada, para mim, nada…

Algumas pessoas me procuram por que falam da necessidade da própria terapia em si. São pessoas insatisfeitas que buscam desesperadamente por ajuda, mas não sabem que a ajuda real vem de seu íntimo, e de forma muito humilde, creio que minha profissão serve mesmo é para isso, apenas para ser um canal, ou um catalisador, algo que a pessoa possa desopilar sobre qualquer coisa sem nenhum tipo de julgamento do outro lado, e por conta disso, e sabendo dos sigilos que a profissão nos reserva, sabemos de muitas coisas, hmm, diferentes, que as pessoas sentem, ou fazem, entende isso?…

Uma hora depois terminaram o café. Se cumprimentaram e ela seguiu o caminho contrário ao do terapeuta. Ela foi para casa, e sabia que teria uma semana no mínimo singular. Ele foi para uma praça que tinha bancos largos de madeira bem rústicos em cima de pedras e concretos, com uma linda vista para o canal que cortava parte da praia e era onde atracavam os barcos das pessoas ricas. Não pensou em nada em particular. Passou apenas alguns minutos para sentar um outro sujeito, com um olhar forte e profundo. Eles apertaram a mão e o terapeuta começou sua sessão…

Artistas

É isso e é essa a vibe, quando dizem que temos que superar e nos colocam nesse jogo de caça, de um é melhor que o outro, só que não mesmo, nada haver e não é por aí, quando seguiu viu a arte alheia, outros produzindo coisas tão lindas e coloridas. Ele sempre amou as cores, atraiam seu olhar e todos os seus sentidos espalhavam a cinestesia. Agora era alguma coisa disforme que nadava gelatinoso feito um  líquido, porém curiosamente moldável… E percebeu a timidez, a raiva, a dor e a vontade dela em muito pouco tempo, a mesma pessoa, sendo outras e ao mesmo tempo tantas e tantas, como sementes de melancias, já tentou contar, e que delícia de fruta… Voltando para a arte dela, quando ele tentava conduzir um assunto, dificilmente não haveria devaneios que nos pareceriam um tanto grotescos e fora de contexto, contudo no final do enredo ele achava um jeito de amarrar toda a ideia, e ela fazia isso de forma pecaminosa com seu trabalho, era maravilhosa e ao mesmo tempo desleixada… E ele, um tanto igual.

Aqueles diálogos sempre confundiam, que se davam por terceiros e faziam todo o assunto parecer muito mais do que deveria ser e naquela bagunça toda, ele não tinha mais certezas dos sentimentos dele em relação a eles, e ela idem na mesma via de mão inclusive. As fotos pareciam antigas, talvez dos anos mil novecentos e sessenta, setenta talvez… Mas eram atuais, uma montagem de luzes e contrastes, com filtros que imitavam o passado, ou trazia essa referência para o agora que não era realmente o que é, agora… Ela é linda, cabelos escuros e sobrancelhas da mesma maneira, pretas e desenhadas e uma boca vermelha ornando o rosto inteiro com olhos escuros e cílios cumpridos, que beleza sedutora, que fotografava tão bem, com penteados ousados, diferentes, elegantes e vintages, tudo ao mesmo tempo, como um camaleão mudando de cores, como holofotes brilhando mil tons, rodava e dançava sua saia longa, suas flores enfeitando seu corpo e seu cabelo…

Em poucas risadas ela disse que iria achar um espaço para ele, em algum momento que não sabia quando, e ele caso quisesse, teria que esperar por isso. O grande lance é que há coisas que passam, com esse tempo bizarro que só anda em frente, e o sentimento estava mudando, ou pelo menos ele achava isso, pois eles estavam se desencontrando demais, e outras oportunidades em um planeta recheado de possibilidades em uma ampla diversidade de tamanhos, cores, formatos, enfim, seres humanos como qualquer outra espécie de bicho e seus parentescos. Ele havia encontrado aquela mulher que tinha sido bailarina na infância e agora era engenheira civil. Nada haver também, não que teria aquele papo de felizes para sempre, já estava na meia idade, não havia tanto tempo para brincar de apostar com quem ficará na velhice… Nem mesmo queria pensar nisso, já que agora tava um tanto bom, e era ali que queria ficar. Ela fez outra tela, cada uma mais linda que a outra, mais colorida e ainda assim preferia ficar sozinha…

Mas muda de novo, e de novo, e todo minuto por que sente como uma enorme onda em movimento e ritmo constante, ouviu o barulho, é a maré, quebrando tudo e modificando as linhas tênues daquilo que você crê e deixa de ser e parte para um novo saber, eles decidiram se experimentar e o próximo passo era se assumir… Ela não sabia, ele não resistia, ela gostava  de explorar com ele e ele gostava dela, simples assim… Acho que vai continuar… 😉

Processos

Uma vez que a vida lhe mostra o caminho, se tiver o mínimo de inteligência vai poder seguir algumas coisas que são legais para o que gosta, assim imaginava de forma simples e humilde, já que não havia certeza para mais nada. É um fato de que quando você escolhe, você se abstêm de alguma coisa de forma consciente, então segue para frente, pegou o lápis e sentou-se confortavelmente na cadeira para depois debruçar sobre a mesa e rabiscar noite adentro.

A fotografia é quase tão prazerosa quanto o lápis, mas de todas as tintas, pelas suas formas, texturas, sabores, cores, químicas, e suas misturas, as tintas são um tesão danado de se usar. Alguns ativistas irão falar por aí que tão matando muitas árvores para fazermos papéis e lápis… Não consigo me ver sem isso, sem os materiais, quase sentindo como se fossem parte de mim mesmo, como ossos que terminam em vários lápis e canetas e pincéis, e na outra mão as cores primárias espirram tintas acrílicas e aquareladas. Serei então uma pessoa ruim por essa escolha, a Arte, sempre com maíuscula, para mim a mais interessante e envolvente dos quatro Cavaleiros da Virtude.

Coloquem isso tudo como uma mistura de bolo, que irá para o forno e crescerá, o cinema com a montagem, em uma ilha de edição digital, animando efeitos e absurdos, surrealismo maravilhoso escorrendo da tela para o papel, da cabeça pelos punhos, os papéis se enchem de linhas amorosas, cores fluidas como mel, agora volte ao papel, lápis, borracha, rabiscos que parecem sem sentido e tomam forma como num passe de mágica e maravilha os olhares das pessoas incrédulas… E nem sei se dá para imaginar um mundo sem isso, sem ela…

Vamos terminando por aqui, deixou os materiais sobre a mesa e organizou de um jeito simples para que continuasse o trabalho em outra hora… É em itálico pois havia consciência de que tudo era trabalho, o grande lance é fazê-lo prazeroso, portanto, e como era com Arte, a certeza de um bom dia, um após o outro, sem pressa e com muito deleite… Desligou a luz do abajur e foi para a rua se inspirar de cidade…

Amigos a Parte…

Essa curtinha conta a breve história daquele casal de amigos que sempre flertavam com o romance, porém tinham um cuidado danado para não misturarem os sentimentos e seguirem com a amizade tão bela e longa… Até o fatídico dia, sempre tem, em que as provocações, os olhares e os gestos de cada um mostravam sinais de uma vontade crescente tão intensa que os dois estavam em constante bate-papo tentando alinhar esse relacionamento que era de bastante curtição e confidências. Se viesse o sexo tudo poderia mudar caso os dois entendessem o processo daqueles dias como algo a mais do que o desejo deles. Ela sempre negava, ele sempre esteve neutro… As energias se atraem e se chocam e um dia eles literalmente se esbarraram e o choque rolou real, deixando os cabelos em pé e uma faísca de sentimentos confusos saindo de uma nuvem… Eles se permitiram, se curtiram e gozaram juntos… Durou muito pouco como romance e a amizade dura até hoje, e eles sabem, combinados pelas suas essências num lugar onde é desnecessário as palavras, que é melhor deixar assim, pois aquela única faísca poderia causar um grande incêndio!

Um Final Comum…

Esta é uma curtinha que conta uma história de amor que nunca aconteceu, que um dia aquele nosso camarada gostaria de ter escrito e no meio do bate-papo perdeu o desejo, por que percebeu que infelizmente, às vezes, não vale a pena…

Imaginem a cena, no ponto de vista de uma pessoa, vindo em uma velocidade cadenciada para que apreciemos cada detalhe que nos é mostrado daquela cidade de céu acinzentado e clima gélido como um sonho de terror. Poucas luzes estão acesas àquela hora e o movimento dos carros é lento lá embaixo nas ruas entrelaçadas. Ouvia Die Antwoord para poder desopilar todas as loucuras e não se matar pelo tédio encruado. Porém a magia acontece quando menos se espera e um raiar de sol deixa todo o cenário com aquele tom amarelado que deixa todas as outras cores puras e com um brilho tão lindo que hipnotiza os caras da fotografia. O local onde ela se encontrava possuía um pé direito alto, deixando o teto longe e rabiscado de vergalhões vermelhos trançando a visão. Ela estava parada olhando para a única janela do local. Era enorme, quase ocupava toda a parede dando uma falsa sensação de ventania. Não havia uma brisa sequer. E o perfume era muito suave quando ela mexia nos cabelos. Levantou a cabeça e seus olhos se encontraram. Usava um vestido branco e liso, quase como uma fada, só não tinha as asas. Uma tiara de flores coloridas e pequenas rodeavam sua cabeça e ela retirou uma e ficou brincando com o caule.

Dizem que o gelo melhora, não a tristeza, mas as olheiras… (Por uma amiga maravilhosa e inspiradora) Ele estava diante do espelho e sentia uma dor aguda no peito. Sabia que não havia mais volta e aquela sensação horrível de pensar que não mais conviveria com àquela mulher, lhe deixava tomado de uma sombra amarga. Ele segurava a xícara pelo corpo, sentindo o calor do líquido esquentar seus dedos. A ideia era tentar dispersar o frio, tentar abrir o sol naquele cinza amplo que cobria tudo o que se via até o horizonte. Mais uma das limitações humanas. O reflexo dele estava espelhado no vidro e ele podia-se ver e não tinha tanta certeza do que era. Não se reconhecia, se achou velho, lerdo. Quando foi que isso aconteceu, pensou, e deu mais um gole no café.

Trocaram tão poucas palavras em suas existências que nem sabia se dava para nomea-los como “amigos”. Lembrou-se de praticamente todas as passagens em que estiveram juntos, por que eram poucas, e nem eram tão intensas assim. Não acontecia algo emocionante que dava para contar feliz. O curioso era a sensação que ela lhe trazia. Sabe quando você está quente, com o corpo inteiro quente, e dá um mergulho num mar de águas limpas e geladas, pois então, era mais ou menos isso. Não sentir um por que o outro está tão intenso que não chega, demora milésimos de segundos para o cérebro entender aquela sensação e te mandar os impulsos certos e passamos a sentir um frescor frio que acerta em cheio os ossos. E quando emerge da água é uma alegria sem fim, um sorriso imenso e aquele arfar colérico buscando forças no ar para estabilizar o corpo. Pensou nela mais uma vez, ela também amava o mar. Incrível a quantidade de coisas em comum, e o mais estranho é que mesmo assim, havia alguma coisa que não encaixava naquele quebra cabeça. Não que faltasse peças, muito pelo contrário, estavam completos. O lance é que as duas imagens não se somavam, o lado direito de um não combinava com o esquerdo do outro. Nem por cima, nem por baixo, àquela frase pode ser um tanto boba, mas é muito verdadeira, e significa, quando um não quer fazer alguma coisa, ou não escolheu o mesmo que você, ou mesmo, você, não há o que fazer a não ser seguir em frente, e lembre-se, esse romance nunca aconteceu!

Relações…

Hmmm a vida não é nada romãntica ou é só a solidão… Ele estava vivendo uma vida bem simples, sem compartilhar com ninguém seus momentos, suas ideias, suas coisas. Contudo estava bem, não era como antes que parecia haver um buraco imenso e que necessitava urgente de tampá-lo; e foi nesses tempos, com os anos passando rapidamente, e às vezes com aquela noção de que está lento pois é bem vivido também, que percebeu que assim eram todas as pessoas com suas escolhas que ocasionalmente lhe deixavam um tanto confuso. Havia aquela amiga que vivia com namorados, terminava um relacionamento e entrava em outro com a mesma vontade, entrega, desejo, chegava até a ser infantil, pois só mudava o personagem com quem estava, já a história seguia à mesma. Claro que quando você é o protagonista de sua história e quer ter alguém para participar consigo dessa sua narrativa, que também em alguns momentos será protagonista, e você o coadjuvante e no cinema gostam de chamar de figurante, no entanto com uma certa importância para todo o contexto. Uma vez ouviu uma outra amiga perguntar, depois de um breve relacionamento de um mês o motivo de ter vivido o que viveu com aquele outro cara. As pessoas procuram alguma coisa mística, alguma razão etérea para suas escolhas, para viver suas aventuras e caso elas fracassem, usam de desculpas a conjunção astral desalinhada, ou o vício em coca-cola, ou as roupas penduradas na janela que não agradam em nada os vizinhos daquele bairro chique.

Outra ideia bacana percebida e agora aprendida, apesar de não saber como praticá-la (existe uma necessidade talvez de outros textos para sempre alinharmos essas ideias de TEMPO), pois as coisas acontecem no tempo em que acontecem, e não dá para prever nenhuma ação ou reação, no momento em que aquela coisa acontece, então você simplesmente só vive o ato. O faz e de verdade uma dica bacana é, sempre fazer com prazer, mesmo que seja algo que não está afim, por que assim pode-se acabar rápido (de novo uma explanação sobre o tempo e suas diversas facetas, pois eles se misturam e nos confundem, já que só o entendemos de forma linear, mesmo que vá para trás…) As histórias das pessoas e a nossa escolha de participarmos ou não, e as escolhas alheias de como participaremos ou não (isso também vale para nós mesmos), tudo isso formando uma sociedade com uma enorme dificuldade em se comunicar com palavras faladas e escritas, com símbolos esquisitos para uns povos ou outros, como podemos nos relacionar de boa, e conversando, será que eles conseguiriam se entender e formar um “novo tipo” de casal, ou de relacionamento.

Ele e ela acreditavam muito nisso. Já vinham se relacionando há anos e falando sobre isso, trocando ideias e experiências, um vivendo o protagonismo do outro, o antagonismo e a figuração. Tudo ao mesmo tempo sendo cambiado, namorados e namoradas, amizades coloridas, ficantes, casamentos reais de esposas e maridos, e amantes é claro, e mais e mais namoros entre oito bilhões de habitantes nesse exato momento, e as antigas regras cerceando os caminhos em pleno século vinte e um, ele se perguntando cadê os carros voadores e os teletransportes, e ela lhe aparece atrás de uma pilastra em um desses edifícios ultra modernos e gigantescos, àquele cenário futurista e caótico pintando tudo de forma simultânea em tons de pretos e luzes ofuscadas e amareladas, usando uma roupa tão colada que mais parecia uma fantasia desses heróis de filmes hollywoodianos e ele se apaixona de novo e de novo e de novo…

O Dia Zero…

Seguindo essa ideia alucinada que não parava de pipocar em sua cabeça, indo de um lado para o outro, subindo e descendo, sol e lua, montanha e mar, aonde é que foi parar, ele continuava procurando e procurava e nada achava, ela passava muito rápido para a vista humana captar, porém ele conseguiu, seguiu as vírgulas ao invés dos pontos finais, compreendeu as pausas das vidas alheias, dos momentos certos para poder atuar com sua “principialidade”… existe essa palavra?

Ele entrou por corredores e se esgueirou por passagens secretas sempre tendo essa sensação de que a ideia estava por perto, que já era hora de encontrá-la e compartilhá-la mundo afora. Ninguém, nenhum estudo, nenhum cientista, nenhum rótulo, nada, que foi criado ou pensado, e o tudo, que veio de histórias de seres humanos de carne e osso, de pele e sangue, como qualquer um de nós, sem se importar com as características pessoais que aquele ser humano tem, comprova, prova ou aponta O sentido, e não um ou mais deles. Mesmo que essa seja a principal evidência, para tentar responder perguntas como “o que acontece na sua cabeça, lá dentro, quando você fuma maconha?”, que é quase o uso contínuo dos carros, sabonetes e microondas por aí. Não se usa drogas, ou não se faz mal, tudo é humano, até essa linguagem absurda e quase abstrata, que falamos A, e algumas pessoas entendem B, outras interpretam Z, e ninguém consegue se comunicar com um simples bom dia.

Quando a ideia e ele se encontraram foi uma daqueles cenas de amor profundo e brilhante, com um cenário básico que apontava o casal apaixonado transando energeticamente. A ideia disse de forma humilde e com toda a incompetência de não saber e entender sobre o tudo, que tentaria responder as questões ali lançadas por ele, para que todos pudessem ver novas perspectivas de soluções para toda e qualquer espécie de vida. Como a evidência nos mostra que não há respostas para as questões mais profundas, e nem perto disso passamos, e para as questões do dia a dia, à comunicação está falha, a ideia se permitiu usar de expressões idiomáticas e gestuais para poder se fazer entender melhor e assim lançou, se nada há resposta, e todos os rótulos são humanos, por que não há ninguém indo além disso, quebrando as regras, e assumindo humildemente, você crê que é livre, gente linda mas não somos, não existe, estamos presos à matéria, que nos fez uma espécie limitada, mesmo dentro da mente, sabendo que temos tanto a mais para sentir, fazer e aprender, e essa mente nos mente…

Não importa sua idade, ideia prosseguiu, se tem oitenta e todos ou treze e poucos, vou te contar um segredo que é um fato, duro e seco assim mesmo, ninguém sabe e nem prova nada, então amizades, não se limitem, vamos ser livres, quebremos nossos tabus, nossas próprias regras e nossas crenças limitadoras, nós somos mais, só não sabemos como. E a ideia finalizou, para dar certo é necessário o dia zero, a coisa mais absurda que as pessoas ouviam, e o olhavam com uma cara esquisita e torta, ideia continuou, é indispensável uma compreensão coletiva para um despertar maior, seja lá o que isso quer dizer, e ele fechou o livro de auto ajuda.

O que é, é…

“Havia recebido aquela encomenda de um serviço e ficara muito feliz pelo pedido e por ser de quem veio também, pois ele admirava muito ela. Seria um dia inteiro de criação em cima de um poema escrito por ela para dar de presente à irmã. Olha que história simples e fofa. E o verdadeiro amor é consagrado quando o que se faz com prazer tem um valor justo até pela forma como ele pode trabalhar com sua arte. A liberdade é linda quando o tempo ajuda. Depois de uma breve conversa pontuando o que ele precisaria criar, ela disse para ele, “fique a vontade para fazer o que quiser…”, e ele o fez. Claro, haviam referências nas pautas tratadas, ela lhe enviou uma imagem e o nome do autor que a irmã adorava e ele agradeceu, pois são pessoas bacanas mesmo. Primeiro fez uma pesquisa visual, com  os critérios escolhidos e após montar um painel semântico, criou sua arte…”

“O rife de guitarra arranhava o ambiente deixando as vozes mais altas e eriçadas em meio aos gritos, pulos e cotovelos, cervejas voando, cabelos compridos. Deu aquele momento de branco que também já foi usado como desculpa para a criatividade florir a página vazia. Um ponto onde você percebe que agora é adulto, que o que fala, faz e como isso implica em sua atuação no bolo todo. E ainda pode-se escolher “ser” ou “ter” a cereja… Vai da competência de cada um…”

“A cadência natural deve vir do desejo inerente de realizar tal ato que assim queira pensando nesse tempo utilizado com gosto. Implicando assim qualquer que seja esse tempo à coisas boas…”

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