Inspiração

… chegou quando se menos esperava. Era sempre assim, ele já deveria estar acostumado a isso… mas não! E todas as vezes que ele era pego de surpresa, simplesmente caia em risadas pelos seus enleios, palavras estranhas que a nossa língua portuguesa nos graceja, ou já somos uma “nossa” língua…

Era no banho num rompante alucinado, vinha rápida, causando frenesi na cabeça… arrepiam os cabelos, dá para sentir nas raízes, brilhinhos, como pipoquinhas estourando embaixo do couro cabeludo e causando uma onda de risadinhas insanas e gostosas… ideias! A um milhão por hora e todas elas e ao mesmo tempo… no agora! Se estiver como pessoa aberta a entender “tudo”, e receber todo tipo de informação, souber filtrar, é como pescar, só que muito mais rápido é claro!

Ficou ali pensando sobre o preconceito… pensou em como os cavaleiros do apocalipse contrapunham as cavaleiras da virtude… pensou de novo em Alegria e como as coisas poderiam ser muito mais leves se as pessoas “pudessem” sorrir mais… em que momento da história humana, que algum “louco” disse que sorrir era coisa de gente “louca”… esse sujeito estava enganado, provavelmente apaixonado e desiludido, com o poder sobre a cabeça, tracejou um plano maligno, quase perfeito, se ele também não fosse um ser humano, como qualquer outro… e sem nenhum sorriso no rosto condenou o seu amor a uma prisão eterna de choques…

Ah aquela que nos move, que nos deixa fluir e flutuar por ai, com vontades gritantes por mais e mais… do que…

seguia lenta, mais de duzentos segundos, parecem uma eternidade quando se espera por alguma coisa que vai acontecer, é certeza disso, contudo à maldita espera, não nos deixa aquietar a alma… sem saber o que era… Inspiração aparece para nos fazer entender isso, em qualquer lugar e a qualquer hora… porém fica mais fácil com um caderninho na mão! (recortes de inspirações momentâneas ocorridas principalmente no banho!)…

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Happy Hour

Lendas… elas nascem de figuras imaginárias de nossas cabeças, ou seriam histórias reais passadas pelos nossos velhos, transmitindo conhecimentos enraizados em tabus. Disseram que existiu um homem, que era macho de sua espécie, altivo, olhos claros, cabelos escorridos. A ciência sempre contesta, não poderia ter nascido uma pessoa com essas características bem nesse ambiente, esse país de gente de pele parda. A religião falou que isso provava mais um milagre dele, de sua existência. Nunca foi achado uma prova cabal, aquela que demonstre ao vê-la e tocá-la, ou seja, senti-la… Esse sujeito, além de várias lendas ao seu redor, a respeito de sua existência ou não, caminhou por aí, por várias bandas, falando bonito segundo dizem, que era muito carismático e tocava as pessoas com suas sábias palavras de amor e paz. Aqui é necessário um adendo, se naquele época, pensem só com esse que está vos escrevendo agora, o lugar era desértico, com difícil acesso a água, e alimentação provavelmente escassa para a classe proletária, imaginem, isso a mais de 2000 anos atrás… seguimos um tal calendário juliano, que nem mesmo sabemos do dia 1, do marco inicial, de onde saiu tudo, a contagem desse tempo que segue em frente sem parar um só segundo… e mesmo olhando para trás, longe assim, e se conseguir ver aquele camarada, andarilho louco nas estradas de areia desértica, pessoas seguindo-o, sentavam em volta de fogueiras, acendiam seus cigarros e bebiam vinho compartilhado… há mais de 2000 anos, o que mudou mesmo?

Pequeno Delírio Noturno

Era em uma lavada de louça, de um gole de água, um arrastar de pés até a esquina, o olhar perdido, o trago no baseado, a vida estava encaixada segundo o sistema, era o que todos queriam, o que todos achavam que era o caminho certo para o sucesso… e ele continuava lá, só observando tamanha loucura e se perguntando… era um carro fazendo uma curva na mesma esquina, um vendedor de iaquisoba chinês apontava o relógio para alguém, um cego com sua bengala acerta a canela de um poste, um respirar malemolente, uma poça de água espessa, e os passos caminhavam lentos, largos, rápidos, atropelados, o que todos achavam que era o caminho certo para o… certo… num jogo de vida, que mais parece um videogame onde temos apenas uma vida e poucas chances de cometer os erros que nem mesmo sabemos que são erros, pensando em nuvens e caramelos, subindo uma escadaria colorida de azulejos portugueses, fotografando com a mente o nada, e um mundo de burburinhos com gente parecendo formiguinhas, e letrinhas caindo e códigos secretos… revistas científicas e artigos jornalísticos colocando novas regras, mudando antigos hábitos, fazendo do azul a nova moda, enquanto o verde era posto de lado, para daqui tantos anos estar lá reinando de novo, e de novo… de novo… de novo…até sumir!

Ah Que Delícia…

… de manhã… O dia começou lindo naquele momento em que aquela turma de amizades só aumentava em números de pessoas interessantes e interessadas em trocar idéias e “mudar seus próprios mundos”… De acordo com seus papos homéricos e filosóficos pautados em orgias de vinhos calorosos, baseados flutuantes, e muitas, mas muitas risadas gostosas!…

Lá estava aquele nosso querido camarada, cercado de pessoas lindas e cheias de histórias ricas; que eram trocadas em profusão, vozes sobre vozes, gargalhadas através dos goles iluminados, colocando seus pontos de vistas sobre os assuntos (alguns sem o entendimento do por que ainda são polêmicos)… e outros que já se foram, assuntos que não nos interessam mais conversar e, por conta disso, o papo fluía tanto, tão bem e tão leve…

Uma cadeira de palha dançante sobre grãos minúsculos de brilhos em algo que parecia um chão, porém não dava para pisar… a sensação era tão macia e lenta… verde e roxo, de mãos em mãos passavam alegria em um lugar aberto, sentados em roda pensando naquele momento, por que as sensações gostosas parecem se iniciar na barriga… e os latidos não existiam, porém era grande aquela família compartilhando com cães e gatos suas visões de mundo, completamente diferente para cada minuto que se vivia, para qualquer espécie que existia…

Você está pisando em uma gelatina, tente descrever essa sensação para mim, ela olhou ele no fundo dos olhos, o cheiro de seu hálito deixava ele com um tesão inexplicável e faziam amor paulatinamente… descreviam rabiscos no horizonte deixando o céu cheio de pontos para aquela brincadeira de ligá-los… e cada pessoa que fazia, escolhia pontos diferentes, e a cada desenho “ligado”, mostrava com clareza, só se ganha tempo se reunindo com pessoas que se gosta, dedicando tempo e atenção, as brincadeiras e aos “causos sérios”, em parágrafos curtos da vida lá fora…

Ilustrações Infinitas…

Dentro da mente como um universo lindo e expansivo, cheinho de pontinhos luminosos conhecidos como estrelas, ou planetinhas… Um montão de ideias, milhões delas, trilhões delas, tantas delas… Junto com os contos, as imaginações tomam formas, as vezes coloridas, as vezes preta e branca, não importa muito… sendo arte… amor!

https://issuu.com/periclesemr/docs/pericles_ilustra__es/a/209486

Ócio Criativo…

E como vai começar agora… essa era ou é uma preocupação real… o papo hoje surge enquanto essas pessoas estavam vivendo suas vidas de forma bem normal, como qualquer um por ai, em todas as cidades, vilas e rocinhas, preocupados com “comer”, “dormir”, e o que fazer para ter isso, já que dependemos tanto dos mercados… e era os que diziam aqueles sentados em seus sofás com linhas modernas em salas apáticas com cores sem graças, luminárias espalhafatosas e quadros clichês da cultura pop para comunicar ao seu próprio mundo pessoal, ai como sou legal!…

Os personagens deveriam prestar mais atenção em suas próprias vidas, e participar nas vidas uns dos outros de tal maneira que somente tenham alegrias em produzir coisas bacanas; e mesmo que fosse o ócio criativo, com papos dispersos sobre qualquer coisa e sobre “os tudos”… fosse o ponto central de todas as histórias de todas as vidas… mas como criar algo, ou uma regra tão sagrada, algo tão absoluto, se é justamente contra essas coisas que aquele carinha ali, coçando sua barba com um lápis preto na mão, olhava disperso para a folha em branco de papel na sua frente, mais uma daquele bloquinho cheinho de rabiscos e rasuras…

Um Conto de Terror Infantil…

E então encontramos aquela garota ruiva que deveria ter por volta de seus doze anos, usando um vestido esfarrapado e sujo, com o olhar paralisado após ter corrido um montão por dentro daquela floresta espessa e melindrosa… ela estava parada de frente para um despenhadeiro, um filete de água caia formando uma cachoeira enorme, ela não tinha noção de que tamanho era aquele fiosinho prateado, a não ser que era muito muito longo para si… segurava a barra do vestido e respirava ofegante olhando lá para baixo… atrás de si pedras protuberantes, árvores avantajadas, e o som silencioso da natureza…

Enquanto tentava focar seus olhos para ver o fundo ou onde aquele cordão de água caia, em suas memórias estavam os mais entranhos pensamentos, lembranças agitadas de como ela havia chegado ali, por que ela estava com aquele ar apavorado; somente ela poderia nos contar, caso conseguisse falar com sua boca aberta, que não se mexia, não batia os dentes… apenas ofegava… no escuro de sua mente viu olhos grandes, garras terríveis, um barulho infernal de algo arranhando o metálico, mas onde estaria o ferro ela pensou, se estava no meio de um nada verdejante e úmido… e de novo tudo ficou escuro, e ela viu os olhos longos, afilando um brilho intenso e anuviado… e ouviu um miado agudo… minhéééuuuuu… uuu… uuu… seria um gato fantasma…

A adrenalina deixa o corpo com os sentidos alertas, porém imaginem a seguinte cena, é a primeira vez que você está perdido na vida, isto é, numa idade de crescimento da infância pra adolescência, aquela confusão natural que essa época carrega, em um lugar que nunca esteve, e completamente sozinho, sem adultos ou outros quaisquer que sejam… sem estar acostumado com aqueles sons e cheiros… o pânico cresce… será? a mente prega peças e acabamos vendo coisas que não existem… será? o barulho da mata aumentava, era como uma corrida, algo vinha rápido, e o miado continuava confundindo mais e mais a mente da jovenzinha…

O quarto parágrafo era raro e quando acontecia significava que o nosso querido camarada estava tentando algo diferente de novo… a vontade de escrever um romance, uma aventura engraçada e inspiradora, dessas que prendem o leitor do início ao fim, e que cria-se uma identidade tão grande com os personagens que falamos deles como se fossem pessoas do nosso mundo material… chamamos pelo nome, contamos as eventualidades deles, e pensamos no que pode vir a acontecer caso ele descida isso ou aquilo dentro da história… o miado o despertou, ele olhou para trás e lá estava sua garotinha brincando com o filhote de gato…

Sonhando…

Agora sim aquele nosso camarada conseguiu sossegar a mente para poder desenvolver uma nova ideia… encontrava-se sentado no tapete felpudo de uma sala que tinha o formato quadrangular… luzes baixas e pesadas cortinas deixavam o ambiente sinistro e confortante… havia alguns livros espalhados ao seu lado, e uma taça pela metade de um vinho qualquer… ouvia-se uma música bem baixinho, algum tipo de instrumento de metal, não sei direito… o que você quer contar com suas histórias… sobre o que está escrevendo… criando…

Havia um lugar impossível de existir, pelo menos é o que ele imaginava aqui neste planeta… as cores, os contornos, as aparências das coisas que eram vistas, eram reconhecíveis, e ele usava um manto branco que lhe cobria o corpo inteiro, suas formas aparecendo em nuances do tecido macio… era uma enorme rocha flutuante, num formato triangular de cabeça para baixo!? árvores cobriam toda a parte superior desenhando com as montanhas paraísos encantadores… apertou seus olhos para visualizar uma cachoeira caindo em um azul com pontinhos brilhantes em uma piscina natural que desaguava no… nada… ele correu em direção de tudo aquilo… não estava sedento, não era pela “miragem”, mas a sensação da água gélida no corpo quando se mergulha em um poço cristalino junto do calor matinal… a pele se aquecendo aos poucos, arrepios percorrendo as células excitadas por estarem vivas e respondendo a respiração ofegante e alegre dos pulmões… vivo!

Acordou com um baque surdo e sentiu o corpo caindo em um escuro infinito… para todos os lados, somente a negritude, e o corpo leve, vinha “surfando” o ar… primeiro de costas, depois de frente… movimentos borboleteantes de ir e vir, bolhas de corzinhas luminosas, sorrisos gigantescos e o cheiro delicioso do alho fritando, vinha de onde? eu estava dentro da cabeça dele, ou ele que estava dentro do… além!

Não havia medo, nem apreensão… e sim alívio… será isso a morte? qualquer coisa que você sentiu, se o nome é alegria, se a barriga esfria, e os olhos se enchem como o próprio coração… de lágrimas de satisfação… e entender que são momentos, e que nesses momentos é que reside o clichê e a pieguice, as sensações pequeninas e carinhosas… isso é o que chamamos de amor, ou é a paixão de adolescente… cores de rosas, cheiros de flores, sabor de água límpida no pote de barro conhecido como moringa… e então… dormiu!

Paralelas…

Estavam lá aqueles dois camaradas sentados na beira do mar e conversavam sobre essas relações bizarras que o dia a dia nos trazia… um disse “… cara, o idiota que cercou um pedaço de terra ferrou a vida de todo o mundo…” e o outro emendou “…a partir dai, amor, felicidade, e até mesmo a paz estão sendo comercializadas com o nome de verduras orgânicas, carros hibridos e experiências de viagens…” cairam na risada, terminaram de fumar a planta da conectividade e foram nadar… antes, deixaram chinelos e um isqueiro e correram para a água… a sensação deliciosa que o gélido azul trás quando se relaxa, deitando sobre a espuma branca das ondas, deixando o movimento de vai e vem balançar o corpo como em um berço, e os barulhinhos diminutos que estalavam nos ouvidos, contando as histórias de amor das pedras e dos ouriços. De olhos fechados, ele abriu os braços e pensou na quantidade de vida que existia naqueles sons… viu cores brilhantes arrepiarem seus poros, sorriu como criança ao afundar o corpo e trocar olhares com peixes, polvos e estrelas do mar… ao subir de novo sentindo a água escorrer pelos ombros, olhou em volta quase trezentos e sessenta graus, e aqueles prédios enormes pareciam distantes, como em um quadro pintado sobre as montanhas verdes e marrons… um deles voltou a falar “… cara, é viver na paralela, achar as coisas que se gosta de fazer, e fazer…” o outro, que é um músico espetacular, só pode rir com tal afirmação e completou “… vamos fumar mais um e ir para a rua tocar, hoje faremos um pouco mais do que o capitalismo quer, e depois podemos voltar a viver a vida de verdade…” e mergulhou na ternura azul do dia…

Simulador…

As lembranças são algo engraçado, até quando se está vivendo um momento suave… notas, lembrando também que cada um tem sua própria interpretação para o que é suave… sentido na pele, e sentindo os raios matinais ebulecerem a mente e arrepiando corpos humanos que estavam lagarteando pelas areias praianas de qualquer litoral paradisíaco, e olha, tem tantos que eles já conheceram e outros tantos para se conhecer que uma só vida é muito pouco para esse jogo…

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