“Sinceridade até o Talo!…”

_Argh! Isso é bem nojento, não acha?… ela perguntou para ele enquanto terminava de fazer um chá de ervas cidreiras em um bule à moda antiga olhando para a TV…

_ Bem, pense nisso em uma analogia com os humanos sabe, nós, os soberanos do planeta… ele esticava uma toalha de tecido sobre uma mesa quadrada naquele espaço que poderia ser chamado de cozinha…

_ Como assim?… ela perguntou curiosa…

_ Uai!… ele exclamou… _ Imagine, um fungo que faz você ser outra coisa, e fazer coisas que normalmente não faria, e pegaram essa ideia para criar esse jogo incrível, e que agora virou uma série de TV…

_ É… ela parecia pensativa… _ mas cara, é loucura não acha… ela continuou… _ Um fungo que transforma a gente em; zumbis!, Imagina se isso acontecesse de verdade… eles caíram em risadas (na língua portuguesa, segundo as regras gramaticais, quando falamos de ele e ela, no plural principalmente, o todo, o total, e as pessoas, vão ser citadas com um pronome “masculino”, e isso vem sendo atacado por muitas pessoas na atualidade… as regras de uma língua, por que quem as criou foram os “machos”…) seguindo…

_ Na real pensa nisso em quando somos crianças. Imagina que o fungo na verdade, sejam nossos pais e mães, que nos ensinam enquanto somos bem novinhos que o que é certo é falar a verdade, e que mentir é feio, errado e causa problemas; e quando nos tornamos adultos, o que mais fazemos é mentir para, ou nos dar bem, nos safar de algum problema, ou tentar minimizar e fazer as convivências com as outras pessoas serem… hmmm… boas!

mais risadas

_ Cara, isso não está certo, você concorda?… ela perguntou dando uma bebericada no chá.. _ Delícia né!… ela estava sorrindo…

_ Sim! Concordo com você!… ele também bebericou… _ Quando somos crianças nossos pais nos ensinam a sermos cada vez mais verdadeiros, com as palavras principalmente, já que com os sentimentos nós somos, dificilmente uma criança sabe… ele pausou… _ Fingir… ele seguiu…

_ Então que caralhos a gente mente tanto?!… ela perguntou indignada… _ É para socializar, para trabalhar, para o que?!… ela realmente estava indignada!

_ Daí somos adultos, falamos o que falamos, nos perguntam, e as respostas na maioria das vezes não vão agradar aos outros… ela estava gesticulando e arrumando as roupas no corpo… _ Então por que nos perguntam? Querem que a gente finja para agradar? Melhor que não tivessem nos perguntado né!… ela deixou a xícara na pia e chegou próxima a ele… _ São nossos pais, nossas irmãs, nossos parentes, primos, tias, sei lá… ela terminou de falar para chupitar novamente…

_ É!… ele respondeu, abraçando as pernas dela… _ Será, que seria melhor; se nós então… ele parou de falar e ela completou…

_ Mentíssemos sobre tudo?!… ela sentou-se no colo dele… _ fingíssemos estar bem o tempo todo, praticássemos os atos, trabalhássemos como robôs em fabricas, apenas apertando os parafusos e pronto?!… ela se ajeitou no colo dele…

risadas…

_ Estamos sozinhos nessa meu amor!… ele fez um afago nos cabelos dela…

_ É melhor assim! Por que se eu descobrisse que você mentiu para mim… ela apertou os olhos para ele…

_ E se eu descobrisse que você mentiu para mim… ele repetiu o gesto dela…

na real, se só importa a verdade, e só a verdade… os dois perguntaram para todos os que estavam lendo…

_ Vocês estão vivendo de acordo com as suas verdades?!…

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“Continuando…”

bem e lá ia ele para o banho de mar ter seus devaneios alucinantes sobre o viver e os acontecimentos entre o nascimento e a morte… vamos chamar ele hoje de José… tudo bem pra vocês? José é um bom nome? Irão criar empatia com ele? risadas… e mais risadas…

_ Não! Para cara, você já está delirando! Hahahaha… ela falava entre as risadas dele…

_ Tem tudo haver né?! Devaneios, delírios, oh, oh… ele fez um gesto com a mão e os dedos como se aquilo demonstrasse a eloquência de sua fala…

_ Não! Esquece essas paradas dos nomes por enquanto… poxa, seus contos surgem tão naturalmente, você se deixa levar pelas ideias e quando vê, na maioria das vezes nem era o que estava pensando e ficou do caralho! Então esses nomes vão surgir quando tiverem de surgir… vamos voltar a nos concentrar na história deles, o que eles estão fazendo, como se conheceram, quem são eles; tipo, vamos responder essas perguntas!

_ oqueiii! Por mim tudo bem!… ele disse dando um mergulho súbito na água… e ao subir…

_ Fiquei esses dias remoendo a ideia toda… ele falava enquanto tirava o excesso de água da barba e tentava enxugar seus olhos…

_ Sim… ela o aguardava ajeitando o cabelo molhado nas costas…

_ O que você faz da vida? E a sua história, é a que você gostaria de estar vivendo?… ele fez as perguntas para ela, e percebeu a face de perplexidade que ela fazia…

_ Não estava esperando por isso… ela respondeu timidamente…

_ Bem, eu te conheço há pouco tempo. Soube que era fã dos meus contos e fiz esse convite, de escrevermos algo juntos, para desbloquear tudo; a vida, os encontros, os medos, os anseios, as vontades, os delírios que temos… ele parou e ficou olhando para os olhos dela… e ela realmente era bonita, deixava ele bobo… _ Você é muito bonita!… ele disse diretamente como uma seta que rasga o ar…

ela riu timidamente… _ Você também!… ela disse esticando o braço e segurando a mão direita dele…

ao se aproximarem, aquele tesão de encontros únicos que sabemos como é, afinal, já estamos em mais da metade do caminho… ou não?!… de qualquer forma, ele dominava bem aquilo, o ritmo como o de uma dança; com sutilezas, leves toques e beijos ardentes… ele não sabia se ela dominava aquilo, mas percebia que ela dominava seu corpo, pois seus gestos eram retos, e sua dinâmica demonstrava o que queria… e ela queria, ali e agora… o sexo mais profundo que as águas do mar podem nos contar…

“Um Roteiro…”

_ Mas como assim o nome do personagem principal vai ser Sérgio?!… ele andava de um lado para o outro com um calhamaço de papéis nas mãos…

_ Bem, ele não é o personagem principal… ele é tipo, o “Robin” do Batman, sabe… quase principal… ela deu risadinhas disso colocando a mão sobre a boca…

_ Cara, isso não vai funcionar!… ele respondeu dando tapinhas sobre as folhas…

_ Adoro quando você me chama de cara… não que eu não seja também, apesar de eu ser mulher… mas em algum momento o substantivo cara foi bastante usando apenas para os “macho” né hahaha agora ela gargalhava sem pudor…

Ele olhou de volta para ela, os papéis estavam atrás de seu corpo agora que seus braços estavam cruzados… ele abaixou a cabeça sacudindo de leve… e deu risadas também!

_ Tá bom vai… ele se aproximou dela, ela sentada em um sofá de dois lugares… ele ficou de pé, próximo ao braço onde ela se encontrava recostada…

_ Bem, pensa comigo, é um nome comum, um sujeito comum, como nosso, sei lá… ele é o que, ou melhor, o que ele faz mesmo?!… um detetive?… um informante da polícia?… um sujeito que conhece muitas pessoas e por isso é importante para todo o argumento?

_ Na real não pensei muito sobre esse personagem… ele esfregou a barba que estava por fazer… _ Fiquei concentrado nela, gostaria que ela fosse a personagem principal, que toda trama fosse solucionada e girasse em torno de seus anseios e questionamentos… e é claro, sua profissão, terapeuta, é um excelente pano de fundo não acha?…

_ Sim, eu concordo… Ela se levantou do sofá soltando a almofada sobre ele, e se aproximou dele… _ Então, você tem um nome para ela, ou estamos nesse impasse?… ela terminou sua fala e desviou dele enquanto procurava a cafeteira estilo italiana para por no fogo aceso…

_ É que sem nenhum preconceito contra “Sérgios“… é só um nome… um nome para localizar nossos leitores, espectadores, quem quer que sejam… _ Eu acho um nome muito comum, muito de professor de antropologia, um sujeito num terno velho e puído de cor marrom, uma pasta a tiracolo, também marrom, óculos de aros grossos e aquela vozinha irritante de sabe-tudo… nenhum estereótipo real, é claro, no entanto, esse nome não me parece de alguém intrépido, corajoso sabe… é mais de alguém que estaria lecionando em uma sala de aula vazia por… séculos…

os dois ficaram em silêncio um tempo…

_ Nada contra professores, “pelamor“!…_ Eu também sou professor, minha principal disciplina é a de roteiro, você bem sabe, já faz alguns bons anos, e eu adoro… talvez seja por isso, seja um nome que caberia bem na minha infâmia…

Ela separou duas xícaras sobre a pia e serviu o café para eles…

_ Já estamos com tudo preparado? Tenho fome!… ela virou-se para ele com as xícaras na mão e foi se sentar…

a mesa estava preparada com pães franceses, biscoitos com gotas de chocolate e um pote de manteiga e outro de geleia de morango… ele sentou-se também aguardando a fala dela, e ao passar por ela, tocou-lhe o ombro com leveza…

_ Olha… ela recomeçou… esse nome é um nome bacana, é um nome de pessoas grandiosas também…

_ Como qualquer outro… ele a atravessou…

_ Bem, você já fez uma pesquisa sobre isso? Quais os nomes de protagonistas, antagonistas, sujeitos quaisquer de suas histórias, com milhões de características semelhantes a qualquer pessoa no planeta inteiro, incluindo você mesmo?…

Ele acabara de dar uma mordida no pão e se respondesse aquilo voariam farelos para todos os lados… ele pensou sobre a cena e preferiu guardar sua fala e engolir o pão…

_ Que seja!… ela bebericou o café… a história em si, o que achou dela? Demoramos alguns dias para escrever toda a trama, uma ideia linda sobre essa terapeuta e suas aventuras misteriosas ajudando esse carinha aí… e os nomes servirão para marcar, criarão as personalidades deles, afinal de conta, duas coisas são necessárias pra fazer isso funcionar…

_ …Emoção e empatia. Os leitores devem se inteirar com as personagens como se elas existissem de verdade, blá, blá… ele não se aguentava enquanto levava outro pedaço de pão à boca…

_ Você está muito chato, Péricles! Sério! Um reclamão!… ela terminou de beber o café e foi se levantando levando a xícara para a pia.

_ Deixa aí, não… ele levantou uma mão gesticulando o nada… _ Não precisa lavar não… agora ele se levantava…

ela olhou para ele… um misto de raiva, curiosidade, vontade, e até… amor…

ela deixou a xícara lavada no escorredor de pratos e com as duas mãos segurou nos ombros dele… eram quase da mesma altura, se ela não fosse um ou dois centímetros mais alta que ele…

_ Olha… ela disse baixinho se aproximando bem dele…

nesse momento os dois estavam posicionados um em frente ao outro, de perfil, luz das 16h:20m (hora sagrada onde todas as cores brilham suas verdadeiras faces), a praia ao fundo com aquele cheirinho característico e delicioso, um leve vento abanava as folhas nos coqueiros…

e eles se beijaram demoradamente…

Lá Fora…

Lá Fora…

pode ser em um bar…

embaixo da lua…

em qualquer rua…

indistinta… e contornada…

Lá Fora…

pode ser depois daquela janela…

só se via o vulto…

estava nua…

e era…

Lá Fora…

pode ser depois de um filme qualquer…

de lavar as louças ou calçar chinelos diferentes…

uma porção de gente…

e ninguém… ao mesmo tempo…

Lá Fora…

era ela…

que ele a viu em linha reta…

não havia desvio…

pode ser naquela cachoeira, depois de uma trilha…

em qualquer lugar que você consiga criar uma história…

Lá Fora…

seus olhares cruzaram e suas vidas eram liames de desejos…

pode ser em uma carona como outras…

pode ser debaixo da janela do quarto de sua mãe…

pode ser agitando uma bandeira…

pode ser entre risadas e abraços…

Lá Fora…

ele só queria escrever sobre o que estava sempre sentido…

dentro de si mesmo, com as dores mais amargas de se ter…

ter…

uma chance de te pedir perdão…

e aí então a carne sossegaria em seu corpo…

O Nome do Personagem…

estávamos naqueles dias em que a maré está agitada, a lua crescendo linda de um lado, com toda mística e sua influência sobre as águas… do outro lado o Sol lutava com um conjunto de nuvens, deixando amarelada as cores por todo o lugar… para completar uma chuva fininha passava deixando o mar mais balançado ainda, e aquelas sensações quando tocavam na pele causavam uma alegria danada, tão gostosa quanto a companhia dela…

ele e ela estavam há horas na água, pulando ondas, mergulhando em seus estouros e dando risadas, enquanto a água os empurrava para cima e para baixo, e também para os lados quando os corpos deles se encontraram e aquela magia toda que sabemos bem como é, acontece… e irá acontecer todas as vezes em que estiver disponível para tal situação… mais risadas!

seria preciso dar nome a ele e a ela?! era uma pergunta inquietante que vinha às vezes na cabeça do autor, visto que era muitas vezes confundido com os personagens de seus contos… cara, lógico que há influências da vida real, são histórias que possuem lugar próprio, mas são… histórias! e nomes são o que né, mais algum tipo de rótulo para facilitar a comunicação, podíamos chamar João e Maria, Paula e Marcelo, Diane ou Paul, José ou Augusta, isso importava mesmo? ele conhecia diversas pessoas que queriam trocar seus primeiros nomes pelos mais variados motivos, além daqueles que buscavam colocar os sobrenomes dos pais que os abandonaram na infância, vai entender os sentimentos de cada um, no entanto, é só uma forma de nos chamarmos…

A “Chata” Rotina…

era assim que ele se sentia, um ser que carregava um caminhão de toneladas em suas costas quando tinha que trocar e-mails com aquela editora… outros amigos e colegas já haviam contado suas histórias e ele ouvia e ainda assim tinha esse delírio de querer publicar por uma editora mesmo… um deles havia sofrido e gasto tanto que resolveu abrir a própria editora para recuperar o dinheiro… bem, publicar por uma editora para ele parecia fazer algum sentido, já que se para um artista o que o fazia ser bem sucedido era estar em galerias de arte, para um escritor, era publicar por uma editora “profissional”… ou assim ele pensava sobre aquela que havia lhe escolhido… coisa mais louca!… ele escreve os “Contos Curtos” há alguns anos, e um belo dia por uma rede social ele recebeu o convite de um editor-chefe (isso parecia importante…) para ele publicar pela sua editora, e que havia gostado muito dos seus contos e que teria satisfação em publicá-los… Cara, imagina né, um sonho para qualquer escritor… só que não!…

a ironia com o atendimento o deixava maluco… ele ficava implicado com aquilo que uma vez apelidou de “poder de porteiro” ou de “ascensorista de elevador”, pessoas que sem o menor por que, fazem às vezes um atendimento implicante ao recebedor, compreenda, ele não tinha nada contra nenhuma pessoa ou profissão (mentira, os 4 anos passados o fez odiar uma pessoa, o ex-presidente, e sentia um alívio danado daquela pessoa horrorosa ter deixado o maior cargo de um país)… enfim, voltando a ideia, ele só não entendia por que algumas pessoas que estão ali para fazer um serviço de atendimento, o faziam com tanto mal gosto, com tanto ódio no coração, com tanta agonia… cara, muda de emprego sabe, mas ficar amolando e atrasando a vida dos outros não é bacana… era isso que ele estava sentindo com aquela editora…

uma tristeza! ele pensou… algo que é para ser lindo, um momento mágico para o autor, que escreveu toda uma obra com todo carinho e dedicação que ele tinha, afinal, é só o que sabe fazer, escrever… às vezes pintava, mas os hobbies não contam para esse momento… porém ser publicado por uma editora que se diz profissional não fazia mais sentido… gastou uma grana, ou melhor, investiu em si, e pensou que teria sido melhor investir em publicidade para alavancar as vendas do livro ou ajudar em alguns lançamentos do livro em cidades específicas… trabalhou para caramba para que ocorresse sua publicação, mas sentiu, que após terminar os investimentos, a editora cagou para ele!… eram tantos autores que ela pré-lançava, parecia uma garimpagem procurando a próxima Clarice Lispector ou Caio Fernando Abreu (e agora né, como vários autores e artistas, somente após a morte parece haver reconhecimento e interesse público)… uma vida que se assemelha aos ciclos de um relógio, que não há saída, sempre rodando e rodando em uma única direção…

Em Toda Beleza…

Em um outro tempo e momento, sentido e razão de um entendimento de existência, primeiro houve o som, e era um diálogo mais ou menos assim…

cara! tudo bem que você criou essa coisa toda que está por aí tomando conta de nossas visões, e a galera tá de boa com isso… e beleza, você é uma puta artista, sabemos disso, fodona mesmo, e sabíamos que iria criar algo incrível! tudo bem que o nome é estranho, “Universos” né… por que precisava criar mais de um, que se interagissem entre si, enfim…

De qualquer forma amiga, as cores estão incríveis também, esses sons todos que podemos ouvir brilhantemente… e os pulsares de energia, uau que coisa magnífica de se ver acontecendo hein… você estava muito inspirada mesmo!

Mas miga, posso te falar uma coisa numa boa… assim, não quero te chatear não, e a criação é sua, tá lindona e tudo mais, eu tô gostando bastante, juro! mas…

precisava criar aquelas criaturinhas que ficam para lá e para cá fedendo aquele pobre planetinha azulado?

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