O Louco

A velha cigana tirou a carta. Colocou lentamente sobre a mesa virando-a para o sujeito magrelo e cabelo desgrenhado sentado à frente dela. Os mistérios da vida, respostas que não temos, mas que dependendo de quem e de suas crenças, fazem aquele oráculo ter poder, e não raro funcionar.

_ Essa carta dita impulsividade. Conta a história que um sujeito de seus vinte e poucos anos que morava em uma pequena vila onde as pessoas acordavam bem cedo para fazerem suas tarefas diárias. Ele não acompanhava esse ritmo. Apesar de ajudar sua mãe com os afazeres domésticos, sempre falava de outras terras e outros mundos. Aquela senhorinha espantada ao mesmo tempo que se orgulhava do pequeno ter aprendido a ler sozinho, ela nem sabia como ele arrumava os livros, tinha medo daquilo pois sabia que eram nesses mesmos livros que ele tinha aprendido que havia mais no mundo do que estava ali, naquela pequena roça, naquelas tarefas rotineiras.

A senhora pigarreou esperando alguma pergunta que não veio. Ela continuou a história:

_ Quando ele fez vinte e cinco anos, já era tomado por louco pelos habitantes do lugarejo. Ele bebia muito, paquerava todas as jovens ao mesmo tempo, e se divertia com a música de seu bandolim. Por não ter um emprego formal, algumas pessoas também o chamavam de vagabundo. Porém ele não se importava nem um pouco, continuava levando sua vida numa boa, diferente dos outros que passavam dias rudes por conta dos trabalhos pesados dessa época. Um dia ele se cansou, juntou uma trouxa de roupas, colocou uns sanduíches dentro e junto de seu pequeno cachorro resolveu pegar estrada. A cada cidadezinha que visitava, continuava fazendo as mesmas coisas, tocava seu instrumento, ganhava as moedas por contas histórias fictícias e comprava cerveja quente. Bebia até cair e no dia seguinte, ao levantar, mirava a estrada e seguia. Era tachado de andarilho, era conhecido por inconsequente, ele era o louco.

O sujeito então puxou um saco de moedas, deixou algumas sobre a mesa da velha, pegou sua trouxa e saiu da tenda sem falar nada. Assobiou e o cachorro que era seu companheiro de estrada veio feliz.

Publicidade

4 Contos num só…

Ele estava sentado em um sofá que ficava numa elegante sala de estar. Ela sentava perto, em uma dessas cadeiras estilo Rococó, com um livro nas mãos. Ele puxou um trago e passou para ela. A luz amarelada do abajur deixava o ambiente aconchegante e os dois somente trocavam alguns olhares. Ela continuava sua leitura, ele continuava fumando seu baseado. De vez em quando um comentário ou outro sobre a história que estava lendo. A loucura humana, as regras, as leis, coisas que nos impedem de seguir de uma forma mais leve, sobre uma vida que não entendemos, sobre coisas que fazemos e nem sabemos o motivo. “Esse conto sobre os primeiros homens, aqueles que em teoria começaram a usar o fogo e as armas, seria esse o ponto inicial de toda a merda que vivemos hoje, se não tivéssemos caçado, não teríamos atacado a própria espécie…” Não sabemos de uma verdade, sempre é o que nos contam, é através das histórias que as mensagens são passadas, que as crenças são criadas, que as crianças aprendem sobre morais e ética, e quando adultos perdem o bom senso, perdem a finesse. 

Sara então decidiu que faria uma viagem pelo interior da Bahia, indo para os lados das chapadas. mais precisamente a Diamantina. Pelo caminho fez amizade com um camarada do Chile, seu nome era Juan e vestia uma camisa da seleção de seu país. Trocaram muita ideia sobre as diferenças culturais, ela ficou sabendo da forte economia chilena, e do americanismo que eles agregaram ao seu dia a dia. Esses detalhes Sara também observou que havia em seu próprio país, e percebeu que a diferença está nas pessoas. De onde elas vêm pouco importava, mas como as pessoas levavam suas vidas criando culturas ricas e diferentes.

Foi essa diversidade que fez Fox “Mãos Ligeiras” levar alguns “prêmios” de seus furtos. Deixou para Rato os sacos de ouro e os objetos que valiam um bom dinheiro, porém levou consigo o colar da Princesa Macia, um saco de tecido onde colocou o dente de javali que pegou de um bárbaro e que considerava uma relíquia mágica, dentre outros apetrechos que talvez não tivessem valor monetário. Os quatro novos jogadores não sabiam o que fariam sem “Fox” no jogo. MJ tinha tentado reescrever parte da história mas sentiu-se confuso, com muitos personagens para gerenciar e histórias com muitas minúcias. Precisaria de umas duas semanas segundo pediu a seus amigos para reformular todo o jogo, e traria Fox para a turma de novo.

Ele terminou de fumar e ela continuou lendo o livro para os dois. Era um momento particular e íntimo. Ele gostava de como ela conduzia a história com sua leitura leve, com nuances, fazendo as dramatizações dos personagens, colocando detalhes novos nos ambientes, criando elementos surreais para temperar aquele momento gostoso entre os dois.

Agora Buk estava deitado com a cabeça enfaixada em uma confortável cama de solteiro. Não sabia onde estava, quando acordou abriu os olhos devagar, pois a luz incomodava um tanto. Uma jovem com uma touca na cabeça veio com um pano encharcado de água quente e limpava o rosto de Buk. Não falou nada, e ele também não perguntou nada. Pouco depois entrou um sujeito largo, parecendo um guarda-roupas de tão grande. Tinha um sorriso quando falou “Bom dia pequeno grumete, desculpe o mau jeito mas precisei trazer você para minha humilde casa. Estou a dias te procurando, soube que você também sofreu um ataque das bruxas-sereias”. Ele levantou sua camisa e mostrou a Buk uma cicatriz no mesmo local, na barriga, muito parecida com a que o jovem carregava agora.

Para finalizar aquela noite agradável, ela leu um pedaço de um conto que dizia que Sara havia chegado sem contratempos na área conhecida como Parque Estadual do Jalapão. Um paraíso cravado no meio do Brasil, com o famoso capim dourado enfeitando a paisagem que mesclava cachoeiras cristalinas, dunas enormes e muitos poços de águas limpas e de tom verde-azulado.

Ela deu um beijo leve na testa dele e desejou uma boa noite. Fim por enquanto! =)

Usando… Tempo…

Sobre o tempo, sempre ele, um personagem único e central, porém de todas as vidas. Aquelas pessoas que acreditamos que estão vivas, e aquelas pessoas que acreditam estar aproveitando desse tempo. Uma só vida, um só momento, para cada coisa que fazemos, e continuamente isso bate feito uma bigorna, um barulho ardido e contínuo. Por que não mudamos, falamos sobre isso, sabemos como, temos tecnologia e precisamos usar melhor esse nosso tempo para coisas que são boas, que dão prazer, que nos deixam felizes. Esse é o final das histórias, somente o final é feliz? Por que é isso que vemos, nos mostram, acreditamos, absorvemos e vivemos esses sonhos assim. Dá para fazer de tudo, dá para ser sempre bom, e por que? Não é. O processo deve ser feliz, vem junto com a experiência que todo mundo enaltece e acredita que é uma coisa bacana da velhice, e que você evoluiu como ser humano. A prática é no momento, não precisa ser velho para poder fazer nada do que se pode fazer agora, e ainda ouvindo deles que fariam tudo diferente, que viveriam melhor seu tempo, realizando mais coisas que gostam… Esse texto tende a continuar, preciso de ajuda, quero entender e sei que não estou sozinho, que têm gente por ai maluca pensando no que se pode para ser sempre bom…

Tudo é uma coisa só?!

Primeiro conceito, a palavra Fôdas… Minerês diminutivo de Foda-se! Não se importe com o quintal do outro. Não dá tempo pra isso. Já me perguntaram uma vez e eu me lembro de ser do movimento, de ser de dentro da máquina, somente fazendo e tendo essas realizações materiais que trazem a alegria momentânea. Mas caramba, não é isso? Não é para isso, por que se for pra pagar pecados e sofrer, caralho (sim, gírias e palavrões fazem parte do meu ser, sem pregações por favor!); a espécie humana tirou A ou 10, depende de onde vocês estão, o local mais propriamente dito, no entanto conseguimos ferrar tudo. E nem me venham com esse papo de lá na história antiga, em tempos passados, os homens das cavernas “descobriram” o fogo, e mudaram a alimentação, passando a comer carne. Os vegetarianos rolam de ódio com essa afirmação, os carnívoros precisam de uma desculpa forte para seu império não ruir, muitas pessoas aderem todos os dias a uma alimentação mais saudável que não utilize nenhuma carne. Acredito que como predadores que somos agora, não como bichos, mas como seres que se dizem civilizados e racionais (outra mentira, vide guerras e preconceitos mil!) o andar ereto, o pau ereto, na boa, não rola mais. Desde que o ser humano se tornou humano, vários conceitos como “traição” ou “confiável” acompanham as primeiras leis, para que esses homens pudessem manter o machismo, e possuir aquilo que ele colocava como sendo a verdade única que todos no mundo deveriam seguir. Sério isso? Foi tudo inventado? E por que participamos desse grande programão de TV? Será que existem aliens super avançados assistindo suas telas de um material que desconhecemos. Sério! Nada melhor do que assistir a vida dos outros? Vai viver cara. Não têm medo da rua não. Dentro da sua casa te colocavam paranóico, olhe para as janelas dos condomínios, e para onde o olhar deveria captar algo mágico, único, pois somos assim, o que vêem é a tristeza das barras de metal, sejam elas cinzas ou marrons, mas são sempre as barras de metal diminuindo nosso espaço; como matéria dentro de um conceito, e como ser. Não sei se importa algo do tipo “precisa de ser mais do que isso que é”, já com certeza, acredito que necessita ser diferente disso! Diferente aliás não significa melhor, nem pior, nem mesmo competir. É uma escolha dentre tantas mil, algo que concilie aquilo que é uma necessidade sua, e que curiosamente outras pessoas também têm, e assim partilham suas comunidades. Dentro das comunidades é necessário política por que é ela quem vai reger o bom convívio social do tipo, não transe com meu marido, fulaninha! E o outro cara do outro lado, sabe dessa forma que também foi corneado. E está armado uma confusão. Olha a quantidade de assuntos todos misturados, que podemos conversar de uma só vez, por que não está nada na real, separado. Está tudo junto, somos feitos da mesma coisa, o mais incrível, que é a mesma coisa que fez a água e as pedras. Para terminar lhes deixo a pergunta que martela quase todos os dias na minha cabeça, vocês acreditam que ouve um Big Bang?

Devoção

Eu não me reconhecia no espelho. Como eu havia mudado tanto. Em tão pouco tempo. Não sentia mais o tempo, acho que a anos me vejo da mesma forma, que enxergo um eu, porém que em algum momento não era o que sou agora. Sei que em uma outra vida fui um cavaleiro. Mas é uma memória tão presente. Posso sentir a espada penetrando na minha carne. Não consigo ver seu rosto, e nem onde estou. Só sinto uma dor aguda quando o metal trespassa os músculos cortando tudo pelo caminho, veias, artérias, sinto fortes explosões no peito, sinto o sangue jorrar, sinto prazer.

Eu defendia um rei mais que tudo. Ele era meu Deus. Aquele homem eu respeitava mais que há meu pai. Sempre estive em batalha por ele, e por sorte sobrevivi a todas. Pelo menos até agora. Não sei se o que aconteceu estava em terreno de batalha. Não vejo os verdes dos campos e das colinas. Não vejo um ambiente em si. A cabeça está girando e girando. Sinto náuseas, mas não sinto meu estômago para vomitar. Coloco minhas mãos na cintura e posso sentir o peso de meus ossos. Me sinto incrivelmente forte.

Alguém me chama. Eu era um crente. Acreditava no Senhor e acima de tudo meu Rei. Quando fiz 40 anos ele me concedeu o direito a ter uma família, uma vida fora das grandes guerras. Eu trabalhava como conselheiro do Rei agora. Com minha experiência eu o ajudava junto de outros bravos homens, os próximos movimentos nesse tabuleiro. Tive dois filhos, minhas jóias, meu bem maior. Soube ali que meu amor pelo Rei não era o maior e único. Não era obstinação senão obediência cega. Não pude prever os acontecimentos. Eu estava duas semanas a cada mês longe deles. Eu só queria estar com minha família, mas eu continuava com o Rei. As duas semanas que eu podia aproveitar com minha família percebia o quão rápido meus pequenos filhotes estavam crescendo. Eu ouvia no início como um surruro. Porém agora sinto mesmo como um chamado. Algo que precisa de minha sensatez e minha força para batalha. Eu estou indo, onde quer que você esteja, vou te alcançar. Irei te salvar, minha rainha!

As Séries dos Contos…

oscontos

São subjetivos, são entrelinhas, são para bons entendedores, pessoas que gostam de ler e sabem interpretar. Sara aparece como uma jovem garota que por uma fatalidade em sua vida tem um destino inteiro aberto na sua frente. Com sua pouca experiência decide fazer a única coisa que poderia fazer tendo tempo e dinheiro para isso, e se joga na vida sem medo de arriscar e ser feliz, mesmo com algumas experiências frustradas pelo caminho. Vai aprendendo valores novos, diferentes dos usuais, não melhores nem piores, simples são distintos. E para a escolha dela dentro de sua própria verdade, aquilo que lhe preenche. Seu problema maior é a emanação de seus sentimentos, e quando Ciúmes ou Impulsividade vem a tona, ela precisa de muito jogo de cintura, de Alegria e Paixão para poder ultrapassar seus medos e anseios. Apesar de Duvida sempre estar ronronando por perto, ela segue suas viagens internas e externas.

Enquanto isso não muito longe dali, outro jovem sofre um tantão nas mãos alheias. Por opção conseguiu realizar um sonho bem novo, e se tornou grumete. Desde então sua vida tem colocado conflitos cada vez mais arriscados, deixando cicatrizes reais que mexem com sua mente confundindo seus sentimentos. Seriam as bruxas-sereias os seres monstruosos que os homens da terra e do mar pregaram de verdade? A pequena cidade de El Flores vive uma tempestade política com o Capitão querendo chegar ao mais alto cargo do governo, ardiloso ele faz maquinações com os homens de sua corporação, aqueles em que mais confia, para obter o “tesouro” de um baú pirata, o que lhe daria uma ascensão meteórica e poder para comandar o povo a seu próprio desejo. Buk está no meio desse desarranjo e agora só quer que essa guerra acabe.

E para esses quatro aventureiros, as guerras em que vivem suas relações, romances, infortúnios e desejos fazem esse jogo ser sua maior fantasia. Eles tem que passar por cima de seus próprios temores e egos para juntos lutarem pela paz e união de seus povos. As raças diferentes, os lugares mágicos, e a diversidade entre esse grupo eclético torna tudo mais perigoso e emocionante a cada etapa em que eles conseguem ultrapassar. Subindo de nível, ganhando novos poderes, aprendendo a usar armas místicas e conhecendo melhor os terrenos que vão cruzando pelos dados que são jogados, definindo assim seus movimentos e seu próprio destino.

Assim, ele e ela lêem juntos esses contos curtos, costurando seus pedaços para entender como vai se formando um romance maior, algo que se conclui dos fatos e que eles têm para aprender. A mesquinhez humana, a sórdida forma como se leva a vida, os pequenos entraves que nos atrapalham no dia a dia, ele e ela tentam superar tudo isso como um casal e como amigos, como colegas ou conhecidos. São duas pessoas comuns, com desejos como qualquer um de nós, com muitas duvidas e escolhas distintas, com vontades parecidas e planos reais. Ela e ele vão levando uma existência mais interessante do que as que vemos em séries e novelas por ai. Já ouvi falar que eles não estão mais juntos, ela e ele, porém alguém comentou que estariam romanceando com outras pessoas, se dando oportunidades de serem felizes, entendendo que é tudo feito por pequenos momentos que devem ser aproveitados ao máximo. Agora ele e ela formam pares com outros eles e elas mundo afora.

São os Contos Curtos da Vida Lá, fantasia e realidade se misturam através de um romance criado por um artista que usa suas viagens reais para conceber as loucas aventuras que vocês estão lendo aqui. Divirtam-se! =)

Do pó à arte

É sobre as experiências humanas de relacionamentos entre pessoas que nasceram em lugares diferentes, e como suas culturas são fortes. Outro ponto delicado é que independe de onde nasça, existe a sua personalidade para afetar o ambiente também. Quando você decide por você, o que você vai fazer, como vai fazer, você pensa realmente em como é o futuro? Você planeja anos e anos, e cumpre roboticamente cada meta? Em um pensamento que consideram exato e científico talvez, no entanto quando se trata de  arte, quanto mais solto, mais profundo, mais sentido, melhor será… O seu dia afeta literalmente em como vai fazer sua obra, lembre-se disso, ele ouviu humildemente e agora passava com o máximo de cuidado possível para que fosse entendido para outros, que não é nenhum jogo ou competição, é de boa, pra ser sempre de boa. Tudo para todos, o planeta permite isso numa boa. Não importa a sua escolha, seja verdadeiro consigo!

E na real, isso é muito bom, sair soltando as ideias e estimular para concretizar… Um porque escrever esse livro e por que suas histórias seriam boas pra isso mesmo… Mesmo indo totalmente prum lado de fantasia! Então…

A mente não para, nunca para, quando se pensa em tudo, você pode tudo, ver, sentir em todos os âmbitos, criar, na sua mente, uma realidade física, a pira fica forte, toma forma, voce pode pegar essa energia, pode deformá-la, transformá-la. Em qualquer coisa que você queira, você voa, sente o espaço, os ventos, passando por seus poros, por suas células, elas explodem, você explode, tudo é uma coisa só!

%d blogueiros gostam disto: