A lenda do oceano numa sexta 13

Diziam que nas noites de sexta-feira 13, as águas escuras do oceano ficavam agitadas, e em suas casas as mães recolhiam seus filhos e olhavam assustadas para seus maridos que se preparavam como se fossem para uma guerra. Pegavam arpões e lanças, colocavam dentes de alho em velhos sacos puídos de tecido grosso, as suas galochas e suas capas e partiam para o mar. A maioria das vezes essas famílias eram desfeitas, ninguém sabia bem o que era e o que acontecia, por que eles tinham que ir. Era como se ouvissem um chamado.

John, aquilo é uma embarcação? gritou o capitão de um frondoso navio da Frota Nacional. Ou deveria ser um navio. Estava completamente destruído e não sabiam como não tinha afundado ainda. Suas torres de madeira estavam despedaçadas, o convés uma verdadeira bagunça com pedaços de cordas e correntes, baús e barris, esparramados junto as pilhas de madeiras destroçadas. Procuravam por alguma coisa ou alguém, que pudesse relatar o que tinha ocorrido em mais uma noite das bruxas.

Ouviram um chiado como se fosse um choro, atrás de um balcão na parte interna do grande barco. Ali também tudo estava revirado de cabeça para baixo, como se os tripulantes tivessem tido uma batalha entre si. Parecia que não havia sobrado ninguém, nenhuma alma, no entanto as marcas recentes de sangue contavam uma história sombria. O que pensava o comandante cada vez que um de seus homens gritavam que o local estava limpo?

E aquele ruído insistia atrás de um amontoado de cordas, madeiras e barris, um jovem magrelo com óculos fundo de garrafa choramingava e tremia feito uma criança, com o corpo cheio de arranhões e sangue escorrendo de sua barriga. Estava encolhido quase em posição fetal. Não deveria ter mais que 16 anos e não era um homem totalmente formado, mas em tempos assim, qualquer um que pudesse ajudar a enfrentar uma caçada dessas era bem vindo a bordo.

Buk “Quatro-Olhos” levantou-se com ajuda e ajeitando o corpo segurando sua dor, apesar que continuava tremendo feito vara-verde, relatou a seguinte passagem: Estávamos felizes cantarolando as cantigas do mar enquanto o capitão guiava o navio Tempestade Vermelha para dentro do oceano. Íamos atrás desses seres mitológicos, caçaríamos todas elas e traríamos suas caldas como prêmio. Mas quem iria imaginar que numa noite assim, elas mostravam que eram mais do que os monstros que imaginávamos. Os olhos do comandante e de seus soldados arregalaram ao ouvir a frase final daquela triste história de uma noite de terror. Elas não eram seres comuns, não eram humanos. Elas eram bruxas-sereias!

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Sushi e Temaki não representam…

Era uma manhã quente pra caramba e lá estava eu na fila de um fast food de comidas orientais. Nesse dia eu conheci aquela que seria minha “namorada” japonesa por um curto período de 5 dias. Explico melhor. A diferença cultural do mundo não se baseia apenas nos erros das diferenças linguísticas, ou nas comidas que nos são apresentadas como por exemplo do Japão como se “só” comessem sushi e temaki, e o povo daqui acreditando que está experimentando a culinária estrangeira.

Em um lugar onde têm um turismo forte vindo desses países como Japão, China e Taiwan, conheci Anne naquela curta fila. Olhares, sorrisos e o nome era americanizado sim, todos eles adotavam “apelidos” em inglês para facilitar a comunicação. E a expressão engraçada de felicidade que eles faziam explicando isso era ´bão demais de ver! Trocamos sorrisos, Whatsapp e duas semanas depois marcamos um encontro no shopping local.

Ficamos por umas 8 horas passeando juntos, comemos, tomamos café, dividimos experiências e opiniões sobre diversos assuntos, tendo a diferença e como lidar com certas situações entre mulher e homem como um dos focos. Pensei se nós brasileiros somos um povo realmente mais aberto, na entrega do corpo em sua intimidade. Ou elas, as japonesas que são respeitadoras demais. Descobri com o tempo que o Japão é um país muito machista cheio de costumes que muitos vêem como engraçado em desenhos animados que chegam por aqui, no entanto que tem na mulher sempre a figura delicada e frágil, quase sofrida que sempre precisa de um herói para salvá-la das difíceis escolhas da vida. A juventude é tão fútil quanto qualquer outra, por que é da idade e não do local. Países considerados desenvolvidos e de primeiro mundo tem seus mercados como principais compradores das bobajadas pop culturais que circulam mundo afora, com gosto duvidoso e um pensamento humano muito aquém das suas altas notas em física e matemática.

Mesmo assim dois dias depois compartilhávamos suor, cheiros, sensações, duvidas e desejos na quente madrugada havaiana. Em uma semana estranha para se acostumar que não se pode encostar fora das 4 paredes, como se fosse um jogo, e se você se comportasse direitinho poderia ter uma sessão de sexo tão louco quanto àquele de quarta-feira. Isso por que depois de uma tentativa de um beijo no primeiro encontro, ela virou seu rosto e ele beijou o canto de sua boca. Ela apontou o dedo para a bochecha e rolou um leve constrangimento na manhã seguinte quando se encontraram em frente ao curso de inglês, ela se escondendo atrás de uma amiga em comum. E para explicar para eles que te convidam para uma festa, e quando você chega ao local é como uma reunião de homens que ficam fumando e comendo batatinhas chips e bebendo cervejas, duas latas depois a maioria já está dormindo pela falta de costume do corpo.

Ficamos amigos por algum tempo, e como acontece com todos, melhores amigos e namoradas, relacionamentos são momentos que devem ser aproveitados ao máximo por que vão passar, e mantêm contatos aqueles que têm interesses em comum. Até hoje me lembro de como foi louca aquela semana em que as culturas entraram em choque e tive um aprendizado muito bacana sobre como lidar com as divergências durante esses primeiros meses de viagem, o que me serviria muito para saber me encontrar no lugar onde falávamos a mesma língua e comíamos nossas comidas tipicas.

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