– É tipo, como vou explicar, estar fazendo coisas o tempo todo ocupando o seu dia e sendo produtivo, em um sistema que gira certinho pra que todos acreditem nesse tipo de liberdade saca, zapear os filmes nos streamings!… ela gesticulava e balançava os peitos e a cintura ao mesmo tempo em que levava o baseado a boca e continuou: – EU estou longe! É como se em algum tempo eu perdi a conexão, e eu vivo nessa realidade de um mundo que não estou, pois sou do paralelo… ela gargalhou!
– Cara, você também pensa sobre isso! Esse sentimento agudo que começa sempre pelo umbigo, eu imagino sempre aquele cordão prateado que li em algum lugar, não lembro os títulos dos livros, algo sobre a alma ou energia vital, sei lá, estar ligada a essa matéria… ele pegou em seus braços apalpando… é o lidar com o dia a dia!… ela passou o baseado para ele e ele soprou a fumaça…
– É bem difícil imaginar outras realidades, outros tipo de vida, que se alimentam dessa energia e de boa, sem precisar fugir ou ser predador, só curtindo os lugares em que se passa, trocando ideias… ele falou lento e estava agora sentado em uma almofada dentro de sua kombi, ela também se sentou próxima…
– Eu tento, até tento… ela coça o queixo… e percebo que tenho essas limitações, meu cérebro até é criativo, no entanto não consigo nomear o que nem sei o que é, ufa!… risadas dos dois lados… – Entende? Ela perguntou enlaçada no colo dele, baseado rolando para lá e para cá…
– Acho que sim. Quando estou escrevendo ou desenhando, fico procurando novas maneiras de se fazer um diálogo, e vejo o quão é difícil, manter um bom papo e ser um ser interessante em toda essa carne… ele passa a mão sobre seus corpos… o baseado cai de uma mão, sem se importar de quem, faz um pequeno furo no tapete onde agora, dois corpos são um, energia pura e densa enevoando o ar do ambiente inteiro…