havia esse grupo pequeno de seres que pareciam humanos, só que em seus corpos os pelos cobriam quase tudo… não dava para diferenciar os gêneros não fosse por estarem nus e suas genitálias dançavam no ritmo das longas caminhadas… eram percorridos muitos quilômetros por dia sem ao menos eles terem noções de medida, tempo ou… trabalho! Que era nesses tempos modernos, como nos dias de hoje, quando os alarmes tocam dentro dos apartamentos claustrofóbicos de quaisquer cidades, e uma rotina inquietante tem início e fim, 24 horas depois…
trabalhar para sustentar os caprichos, que de alimento e cama, vão se tornando tecnologias insanas que contêm uma mente própria, que se ainda não é um tipo de vida, com certeza escravizou a espécie que a criou… aquele grupo, formado por 6 pessoas… não, espera; 8… haviam dois que estavam para trás, e pareciam mais preocupados entre si, com trocas de contatos físicos, olhares, grunhidos e algum tipo de coreografia que filmado por uma câmera super 8, película linda e transgressiva nos tempos atuais, poderíamos ver que no fundo, em preto e branco, eles estavam se desejando…
um deles tropeçou no que parecia ser a cabeça de um antílope ou algo assim… os chifres finos, curvados e compridos, dois buracos enormes para os olhos e a fossa nasal profunda… ossos marcados por dentes que haviam limpado toda a carcaça e deixado apenas alguns pedaços do que poderia ser a coluna e a perna dianteira esquerda… o resto do corpo não estava aparente em nenhum lugar daquele mato espesso, e ela se levantou segurando aquele “objeto” apontando para ele resmungando alguma coisa que os conectou mais ainda; os olhos deles brilhavam, e o grupo já não estava mais junto…
as lendas contam que a Arte nasceu quando o primeiro hominídeo pintou as cavernas com suas mãos, pedras e paus… no entanto, já pararam para pensar em como foi essa descoberta, a primeira objetificação visual, pegando o que a natureza oferece e transformando o tempo inteiro em funcionalidades estéticas ou ocupações para se ter alimento e cama… nem sei quantos milhares de anos se passaram, só que aqueles dois o fizeram sentir algo do cotidiano, somos súditos do que?!