“subiu de level, cara!”… aquela vozinha que fala dentro de nossas cabeças conosco mesmo, e que algumas vezes pensamos se somos nós conversando com quem… se somos… só nós… já pensaram se foram abduzidos ou, “incorporados?!”… é quando tem esse trem de um espírito te possuir, seu corpo, sua carne… enfim… a brisa foi longe agora, volta pro foco, o surf, cara… é o surf!
sabe quando pensamos a vida inteira sobre uma certa atividade e essa está ali te rodeando e te rodeando, e algumas vezes você sente o rosto ficar ardido pelos tapas que vai levando dos acontecimentos desenrolados diante de seus próprios olhos; e ele, lembram, aquele nosso amigo tão sabido, nem era tanto assim como as pessoas imaginavam, ele sabia que não sabia de nada, e aquilo o motivava a querer mais… a água estava sempre forte, e ele gostava de interagir com o mar… quebrava ondas, furava ondas, pulava ondas… mas não pegava as ondas…
a sensação de realização tem um valor imensurável em nível de existência terrena, ou o que importa, quanto mais atividades satisfatórias e desafiadoras ao nosso gosto, nos colocarmos a prova, mais intenso será a sensação vivida… a adrenalina vai subir, e a alegria vem junto com uma força imensa, quase palpável, do jeito que ele gosta… viveu por um tempo com surfistas em uma casa no Hawaii e foi uma loucura danada, entender que por trás de algo que parecia tão simples quanto andar de bicicleta, uma vez aprendido, jamais esquecido, tantas técnicas, habilidades físicas, conhecimentos de ventos, direções, picos, ondas, areia, movimentos, tanto de seu corpo, da conexão integral com a prancha, e claro, a água…
pediu licença para a “mamãe”, afinal de contas é uma casa, senão a de mais respeito, uma das… e adentrou na água sentindo algo que lhe era muito familiar… não sabia se era de tanto olhar, de tanto viver essa proximidade, de uma vez ter visto um filme e constatar que seu estilo de surf, deverá ser uma conexão com a mãe das naturezas, a maior das forças viscerais, poderia juntar nesse conto os sentimentos presenciais de Sara, as elucubrações psicodélicas dos relacionamentos que ele se propõe, uma escrita inerente com o próprio oceano…
a voz dentro da cabeça voltou a falar… “nascemos dentro de um líquido, e muita parte dele é água, como o mar…” ele sorriu tão gostoso depois de vários tombos, e sentiu algo novo, o lápis sempre foi sua extensão, dirigir se tornou tão natural quanto respirar… a junção com o mar, tão esperada….
aconteceu… =D