ele estava sozinho em um mundo lotado do que conhecemos como seres humanos… e nem é por terem a tal “humanidade”, pois isso é um conceito teoricamente racional e impraticado por essa própria espécie… ele estava sozinho e sabia muito bem disso… havia nascido como todas as pessoas, e ao longo de sua vida, tendo socializado e trabalhado e vivido e estudado e tudo o mais com a companhia de outros desses seres, e ele também sendo companhia às vezes, mesmo assim, conscientemente estava sozinho, entendia-se assim…
e iria morrer sozinho… a única questão para ele era, se iria morrer, já que este fatídico advento acontece com tudo o que está “vivo”, ele poderia então escolher como, ou onde, ou… estaria sozinho de todas as formas, mas não gostava de pensar em “dar trabalho” para os “outros”…
morrer na boca de um tubarão, ou comido por um leão, perdido em montanhas de países que terminam com a sílaba “ão”, namoraria um cara chamado João, esperaria em um restaurante chinês comer o melhor macarrão, e terminaria seus dias jogando sudoku em uma esquina no bar do Jão… era assim, sozinho, consciente e delirante, tentando criar suas rimas e letras, poemas e músicas, contos e nada, nada de nada, querendo quebrar os tabus de um cotidiano finito…