enquanto tomava o café da manhã, surgiram as memórias aleatórias dos movimentos vividos pela sua passagem terrena… ele saboreou a bebida e percebeu essas imagens que mostravam situações simples, como o próprio ato de tomar café em “família”, e ao longo dos anos como aquele ritual foi mudando e mudando…
primeiro com a mãe e o pai e as irmãs, que parecia em algum momento que era uma festa… e depois somente com a mãe, ponderações, amadurecimento… um dia ou outro era com uma das suas irmãs, e com o tempo, elas não eram mais parte do seu ritual… de repente também surgiram os amigos… tomava café com as pessoas amigas… papos constantes e focos diversos, o trabalho guiava o hábito… e depois, com desconhecidos em bares e padarias por aí, cafés fortes para segurar a ressaca das paixões largadas… as lembranças passavam suaves, sem causar nenhum sentimento complexo de lidar… eram simples…
cafés… simples cafés tomados em mesas diferentes, mesas de madeira, mesas de metal, mesas com tampos de vidro… cafés com todo tipo de gente, às vezes com um bom dia, às vezes tão quieto que era como se ele nem existisse… essas reminiscências vinham em forma de imagens coloridas, outras vezes em preto e branco… e outras vinham enevoadas como as fumacinhas que saíam dançando de sua xícara… o café quentinho…
recordações de dias corridos, sem preocupações efetivas, um gole aqui e outro ali, pensando sobre como seria se tivesse agido diferente, como seriam se aqueles cafés tivessem tido outras conversas, outros sentidos… e no fim das contas, não era nada demais pois sabia que haveriam futuros, com pessoas amigas, com pessoas estranhas, com um jeito diferente de tomar o seu café…
aberto para ver e aprender… saboreou café com gelo, café com chocolate em pó, café puro sem açúcar, café com leite e até o tal do “cháfé”… levou a xícara à boca para o último gole daquele, e sentindo o cheirinho delicioso ele sorriu… sempre esperava o momento para mais um cafezinho durante seus dias…