Noite… Décimo quarto dia… Eu tenho um sono absurdo, mas meu medo ainda é maior e me mantem acordada… e claro o café… abençoado café… mas qual foi meu desespero, a pequenice humana, ao pensar apenas no meu umbigo quando percebi que o pó de café estava acabando, e não havia nenhum outro guardado no armário… nenhum…
Os sons nunca pararam… constantemente barulhos ensurdecedores de diversos lugares e tipos e níveis… as orelhas acostumavam com alguns, o que podia ser bem perigoso, já que acostumar com um som fazia-o sumir…
Já ouviram sons de ossos se quebrando? aquelas onomatopeias que vemos nas histórias em quadrinhos são bem reais, e parecem acompanhadas com o som de muita dor… creeec… crás… demorei muito para me encontrar aqui, para me trazer para a realidade de novo… o tempo voa, todo mundo sabe disso, e desperdiçamos tanto… e quando há um acontecimento que não tem volta, não tem como voltar ao que era antes… tudo muda… e nós nunca estamos preparados de verdade… eu pelo menos não estava… resolvi escrever meu nome, pois há uns dois dias eu acordei…
Meu nome é Elisa, tenho 26 anos… ou 24… duas semanas de estresse puro, te forçando a utilizar seus sentidos em alto nível, em um movimento que eu nem sabia que podíamos, me senti super poderosa por alguns instantes, conseguindo distinguir milhares de sons diferentes, e meus olhos dilatados seguiam furiosamente…
Porém foi quando atingi o auge do meu esgotamento mental, consegui compreender que teria que sair dali, da casa dos pais de Cassia, pois a comida acabara, e acreditem, todos os serviços básicos, precisaram de 48 horas para entrar em colapso… em duas semanas, sem humanos operando a indústria, tudo ruim em um efeito dominó tão devastador que em pleno 2021 estou sem internet, celular ou canais de televisão… estou isolada… e sozinha… estão curiosos para saber o que aconteceu com Cassia e seus pais certo?…
A voz sai tremula, acompanhando todo o movimento dessincronizado de seu corpo… e ela se sente fraca… esgotada… é preciso dormir, pelo menos um pouco, é o que a ciência diz… dormir é necessário para regular diversas coisas físicas e biológicas de nosso organismo… ficar muito tempo sem dormir sobre um estresse escaldante como o fogo do inferno… e deveria ser isso o que as almas impuras sentem com todo aquele calor, com toda aquela coisa… ruim… estamos vivendo em um tipo de inferno!…
Elisa dormiu por dias; e ela não sabe quantos dias se passaram e alguma coisa, não sei se vocês acreditam nisso, mas ela teve algum tipo de benção, alguma sorte, de nenhum dos “homis” tentarem entrar no lugar em que ela estava, nem outra pessoa viva… ninguém… duas semanas inteirinhas sem ninguém, e mais duas até que ela acordasse pelo som de alguma coisa batendo bem próximo… seu rosto colado em baba, sua saliva estava espessa pela falta de água… seu primeiro pensamento além de sentir uma dor “pinçante” na boca do estômago, foi a necessidade de beber água…
TOC… TOC… TOC… … … … TOC… TOC… “Tem alguém aí? Eu preciso… de água!…”
Alguém está batendo na porta pedindo um copo de água…
Elisa arregalou os olhos e pulou de pé muito rápido, seu corpo estava em alerta total e a resposta de tudo a surpreendeu… e agora… para onde vai esse conto?! Ela pensou se o autor estaria vivo para continuar, ou se ele teria se tornado um daqueles monstros… um dos “homis“…
“em um processo continuo de querer escrever um romance inteiro… vai continuar, sim, vai sim, sim!” =D