Agora sim aquele nosso camarada conseguiu sossegar a mente para poder desenvolver uma nova ideia… encontrava-se sentado no tapete felpudo de uma sala que tinha o formato quadrangular… luzes baixas e pesadas cortinas deixavam o ambiente sinistro e confortante… havia alguns livros espalhados ao seu lado, e uma taça pela metade de um vinho qualquer… ouvia-se uma música bem baixinho, algum tipo de instrumento de metal, não sei direito… o que você quer contar com suas histórias… sobre o que está escrevendo… criando…
Havia um lugar impossível de existir, pelo menos é o que ele imaginava aqui neste planeta… as cores, os contornos, as aparências das coisas que eram vistas, eram reconhecíveis, e ele usava um manto branco que lhe cobria o corpo inteiro, suas formas aparecendo em nuances do tecido macio… era uma enorme rocha flutuante, num formato triangular de cabeça para baixo!? árvores cobriam toda a parte superior desenhando com as montanhas paraísos encantadores… apertou seus olhos para visualizar uma cachoeira caindo em um azul com pontinhos brilhantes em uma piscina natural que desaguava no… nada… ele correu em direção de tudo aquilo… não estava sedento, não era pela “miragem”, mas a sensação da água gélida no corpo quando se mergulha em um poço cristalino junto do calor matinal… a pele se aquecendo aos poucos, arrepios percorrendo as células excitadas por estarem vivas e respondendo a respiração ofegante e alegre dos pulmões… vivo!
Acordou com um baque surdo e sentiu o corpo caindo em um escuro infinito… para todos os lados, somente a negritude, e o corpo leve, vinha “surfando” o ar… primeiro de costas, depois de frente… movimentos borboleteantes de ir e vir, bolhas de corzinhas luminosas, sorrisos gigantescos e o cheiro delicioso do alho fritando, vinha de onde? eu estava dentro da cabeça dele, ou ele que estava dentro do… além!
Não havia medo, nem apreensão… e sim alívio… será isso a morte? qualquer coisa que você sentiu, se o nome é alegria, se a barriga esfria, e os olhos se enchem como o próprio coração… de lágrimas de satisfação… e entender que são momentos, e que nesses momentos é que reside o clichê e a pieguice, as sensações pequeninas e carinhosas… isso é o que chamamos de amor, ou é a paixão de adolescente… cores de rosas, cheiros de flores, sabor de água límpida no pote de barro conhecido como moringa… e então… dormiu!