365 Dias…

Quando ele se sentou naquela cadeira de madeira estofada com uma antiga almofada acoplada, aquele certo conforto com mesa, computador, apoio para a xícara de café e cinzeiro ao lado de uma janela grande e retangular, decidiu que escreveria as histórias de suas viagens. Era como outro blogue qualquer, fotos de paisagens belíssimas e um texto contando as coisas legais, perrengues, culturas diferentes, enfim as experiências da viagem em si e logo de imediato, sentiu alguma coisa coçando dentro da cabeça, como uma leve fritadinha e percebeu que não era para ser aquilo, não era essa a ideia, pois a coisa toma forma sozinha, como algo que cria vida própria. Foi o que aconteceu e ele gostou daquilo. Era como interagir com uma outra pessoa, que estava gerando suas próprias crias. De imediato os primeiros contos foram desenvolvidos em cima de personagens que ele já namorava havia anos. Essa ideia de escrever histórias, criar ficções com personas distintas e interessantes dentro de características cotidianas, algo muito mais atraente para ele que curtia o empirismo antropológico.

Houveram aventuras surreais em paisagens pensadas naquelas em que ele conviveu por um tempo, principalmente em praias e matas fechadas, uma mistura perfeita entre o verde e o azul, as costas mais lindas que ele havia conhecido, mesmo tendo ido pra ilha paradisíaca do hula-hula. Interessou-se por aquilo por algum tempo, usava as fotografias dos lugares, fazia colagens digitais e ilustrava os contos. Ainda assim, as histórias tinham ganho força em alguns aspectos que ele curtia se desenvolver, e em outros que acreditava que seria muito bacana, não era… Mudava tudo, sem medo. Como quando fazia um desenho e demorava um certo tempo ali trabalhando com paciência, porém se em algum determinado aspecto, principalmente o psicológico estiver afetado, a probabilidade de influência na arte é enorme, e isso causa efeito direto em como se desenha, colore ou pinta, provável que saia tudo meio… monstruoso. Ele rasgava o papel e começava tudo de novo. Algumas histórias são tão bacanas que os personagens merecem seu destaque por eles influenciarem para onde a história se seguiria, sem nenhuma vergonha ou pudor. Ele acredita que esse tipo de situação faz a conversa entre autor e personagem ser real, concebendo os caminhos que a história irá seguir, ou não. Como na aventura de um jogo medieval de tabuleiro e cartas, algo que ele adorava jogar em sua adolescência, porém não pegou a liga que ele tem vontade, algo que motive a seguir mais por ai também, aventuras fantásticas.

Essas experiências de qualquer forma são ricas e trazem novos desfechos, como a ideia de ilustrar os vinte e dois arcanos do tarot, de certa forma tendo uma disciplina para criar todo um segmento, não importando com o visual ter um padrão, mas como aquilo pode ser um estudo firme e bem pautado de traço, formas, cores, design, conteúdo, símbolos, toda uma gama de “objetos” que se interagem formando a carta final. Isso é muito legal e empolgava ele. O tema em si é bacana, uma magnífica fonte de estudos para diversas áreas mais alternativas como a exoteria e a bruxaria. Só que a ilustração, o processo criativo, os materiais, a inspiração do dia, ler e entender e poder traduzir o interior das palavras escritas pelos cartomantes e tarólogos, fizeram as cartas terem seus aspectos físicos com os desenhos tendo diferentes resultados, contudo em sequência padronizada digitalmente para ser um todo. Foram seis meses e no meio disso vinham outras histórias, baseadas em sentimentos reais, vividos com pessoas reais, traduzidos em contos às vezes um tanto fúteis, outros tantos profundos, e outros tantos só para divertirem, lembrando que nesse caso, o só é enfático, diversão é a palavra de ordem ao se fazer qualquer coisa com alegria e ter motivação. Aprendido isso, seguiu-se outras ideias, com as tatuagens que se tornam histórias, ou que as contam, com seus traços enérgicos e fluidos, sobressaltados e livres.

Freehand é o nome da técnica para tatuagem, ou outro tipo de ilustração no caso que ele cria essas poesias visuais para ambientes como os cômodos das casas das pessoas. Serena é o nome da bruxa-sereia, que nesse período inteiro se tornou seu personagem predileto, deixando seu ater-ego Sara, a jovem aventureira que contava as peripécias de seus sentimentos que tomavam forma real, uma bela ideia, contudo não encaixada como outras. E diferente de mais algumas, onde o ele e o ela flertam o tempo inteiro, se consomem num relacionamento louco e espaçado. Íntegro com a sinceridade latente. E às vezes são devaneios sobre a vida em si, sobre como sobreviver em meio a tanta coisa doida que acontece por que a espécie humana é imensa de riquezas culturais, de regras sociais sem lógica, de ponteiros de relógios e pneus de veículos, no entanto, lindas, pessoas são lindas, inspiradoras.

Esse foi o primeiro ano com tanta coisa boa para contar, com tantas outras que irão se criar, surgir no meio dos surrealismos visuais escritos e desenhados. Ele se levantou da cadeira e foi embora sabendo que ali havia sido apenas o começo, carregou a caneca consigo, ou xícara como melhor queiram…

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Autor: pericles

Uma pessoa apaixonada por artes em todos seus âmbitos, um artista, um professor, um escritor entusiasta desenhando com letras! =)

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