Era um convite para resolverem uma simples questão, daquelas infinitas que sugerem tantas e tantas possibilidades que achamos não ter fim. No entanto, é algo chamado de consenso, o que importa de verdade são as cores que gostavam em comum, e as diferentes, eles tinham seu próprio tempo para se agradarem individualmente, não precisavam competir ou um falatório todo para provar qualquer coisa, era muito mais simples. Ele então pegou a garrafa térmica e uma xícara branca. Havia açúcar natural, porém preferiu puro. Ela pegou o mate e encheu de água quente. Muito quente. Não se coloca nada, e em alguns lugares toma-se com um pingo de limão. Ele olhou aquela cena sentindo um calor danado. O sol esmagava o tempo, queimando tudo e deixando as coisas moles, lentas, preguiçosas. “Não, obrigado. Isso está muito quente…” Ele tinha dito a ela. Ela deu uma risada. “Aliás, como você pode tomar mate quente, num calor absurdo desse?” Ele a questionou. E aí vem a sabedoria da estrada, a humildade dos sábios, a troca dos permissivos, os prazeres do aprendizado coditiano. “Você toma seu café quente também, por que acha estranho eu tomar meu mate quente?” Assim foi a resposta, ele soprou a fumaça de seu café, e deu um gole com um sorriso leve e agradeceu.
Calores…
