Havia um estranho animal, se é que podemos defini-lo assim, que estava no ponto mais alto de um vale qualquer, um platô de horizonte infinito e vermelho. Sua crina voava com as nuvens e suas asas se aconchegavam para fazerem o motivo de sua existência fluir com o vento. Aquele que voa, viaja. E rara serão as vezes que nós o veremos. Seu único e lustroso chifre sai do centro de sua testa, separando os olhos, que de cada lado estão olhando firmes, porém tristes. Esse sentimento está refletindo, além de seus olhos, das batidas lamentosas com as patas dianteiras, que estranhas eram, com garras curvas parecendo facas orientais, e listras escuras e finas com distâncias similares entre elas, sobrepondo um tom laranja que também brilhava pelas suas pernas. Eram patas de uma águia tamanho “gigante”. E aquilo não combinava em nada, como se aquela pessoa que lhe parecia interessante se tornasse um ser desfigurado de difícil entendimento visual.
Surrealismo. Quimera. Amálgama. Pode ter quantos nomes quiser, em qualquer língua. Qual é seu nome, ser estranho de intensa atração?
Agora eu consigo entender sobre a comunicação ser limitada pela nossa imaginação. Pode até ser infinito, mas não estamos sabendo acessar ou não estamos receptivos o suficiente para algo… Tá vendo, ou melhor lendo, é difícil explicar sem usar as gradações usuais e imaginar essa compreensão que vai além de palavras faladas e escritas, e mesmo ilustradas com desenhos e fotografias, que há sentimentos, químicas, físicas, biologias, algo que é para mim como são as árvores, que se comunicam pelas folhas, galhos e raízes…