“E vão me julgar um “hippie”, com essa filosofia de paz e amor, porém o que importa mesmo é o dinheiro, ou melhor, o poder que se pode ter quando se tem muito dinheiro.” Ele olhava para aquele sujeito vestido com seu terno alinhado e gravata com cor contrastante para chamar atenção. Estava na televisão e ele sabia que vários olhares o acompanhavam. Em casas com famílias sentadas em frente ao sofá, nos mais vastos canais de internet, “os solitários” também o viam. Em bares e restaurantes com seus aparelhos pendurados na parede. Em celulares, esses mais modernos que chamam de “smartphone”… Ele olhou para aqueles rostos apáticos e inexpressivos, quase babando hipnotizados pela grande quantidade de besteira dita por aquele cara. Pior, era um replicante, existiam mais gente idiota assim por todos os lados, falavam as mesmas asneiras, comportavam do mesmo jeito “civilizado” que acreditavam ter. No entanto, ele via lá no fundo daquelas pessoas sem alma, daquela escuridão imensa que assolava o coração delas, viu que eram tristes e não conseguiam entender o motivo. Não enxergavam além, colocavam mais limitações as próprias físicas que já tinham. O por que disso tudo, ele não quis continuar vendo para saber. Retirou uma flor daquele buquê, e colocou sobre a mesa de uma família. Foi passando de mesa em mesa e depois no balcão e quando colocou a décima segunda flor, recebeu um sorriso e um obrigado de uma senhora miúda que aparentava muita experiência. “Mais amor e mais paz”, ela deu uma piscadinha para ele!