Sei lá se isso é de propósito ou não, mas quando uma mulher como aquela chega nos lugares, ela com certeza sabe que todos os olhares vão se voltar para si. Ela tinha duas tatuagens em seus ombros e o cabelo comprido escorria por eles, deixando os desenhos confusos em sua pele. O batom vermelho estava borrado como se houvesse beijado alguém de forma selvagem. Sentou-se no banco de frente para a máquina de cervejas, e apoiando o cotovelo sobre o balcão fez um sinal com a mão para o barman. Ele percebeu que ela havia pego um cigarro e posto na boca. Veio esfregando a mão em uma toalha suja e molhada. Abaixou a cabeça e disse timidamente “não pode fumar aqui senhora.” Ela fez um biquinho com a boca, apontando o cigarro para o sujeito. Ele pegou um isqueiro do bolso de seu avental e acendeu. No olhar dela, não havia engano. Hoje teria fogo, de uma forma ou de outra. E pelos vidros embaçados do carro podia-se distinguir a silhueta daquela mulher selvagem cavalgando-o. Os gritos abafados pela fumaça puderam ser ouvidos do bar. As paredes derretiam na visão de seus olhos vermelhos. Ela saiu do carro com elegância, ajeitou o vestido de alças mostrando suas tatuagens e acendeu outro cigarro.
Pegando Fogo
