Vocês acreditam em “energia”, dessas que sentimos quando nos aproximamos de uma pessoa que gostamos, aquela que trocamos com um abraço carinhoso de amigos ou mesmo aquele sorriso gostoso e sincero com alguém que temos afinidade mútua. Ele sabia que iria revê-la, aquela mulher incrível que ele adorava pela inteligência e com quem teve um breve relacionamento por conta das “energias” alheias, por que por eles tinham esse pressentimento de ser algo bom, algo positivo. No entanto essa energia se sente para algo ruim também. Aquelas sensações que temos no estômago e que nos confunde, nos deixa ansiosos, por não sabermos como iremos nos comportar e o que acontecerá. Ele aprendeu tomando muita cabeçada que não adiantava planejar nada disso, ensaiar textos lindos com palavras floreadas em frente ao espelho, por que na hora mesmo, o diálogo nunca é o que esperamos, as coisas não são como imaginamos, ou pelo menos o controle que acreditamos ter não rola assim. A reação das pessoas só é possível de saber quando elas surgem no momento ocorrido, e pronto.
Quando ela saiu do carro estava acompanhada do atual marido e de sua mãe. Levou um choque na porta, aquele que faz os cabelos do braço eriçarem e chega a assustar com uma leve dor. Um sinal, ela pensou inquieta. A porta da casa abriu e tudo o que passou há 15 anos atrás voltou para a memória deles de forma sutil, cada um agiria com delicadeza pela situação em que se encontravam, afinal, se eles não estavam juntos foi a mãe que não permitiu. Por ele não havia problema, mas a garota, devota da mãe ao extremo, jamais faria algo que pudesse contrariar a vontade de sua “protetora”. O mais engraçado é que tem aquela história de sogra X marido que é bem real, para as familias mais simples que são do interior. Os dois se espetavam o tempo inteiro, e ele e ela reciprocaram olhares e ela fez um sinal com a cabeça que só ele poderia entender.
Não adianta o tempo que passa, os caminhos diferentes que seguiram, os corações amarrados por outras pessoas, aquela força entrega tudo. Se fosse em outra vida, ou se tivessem outra chance, será que esse impulso poderia deixá-los juntos finalmente. Nem ele nem ela jamais saberiam disso, mesmo assim, naquela noite longe dos olhares da mãe e do marido, comutaram suas energias que sabiam lhes fazer bem, pela entrega ao gozo, por terem assuntos e interesses tão próximos, por vontade mesmo de se curtirem. E como sabiam que só seria uma vez, aquela seria a única, última e derradeira vez, se entregaram ao máximo ao prazer de estarem juntos. A bendita energia!