A Taverna Curta ficava as margens de uma estrada de mão simples. Por ali recebiam em sua maioria viajantes, andarilhos, bárbaros e mendigos. Tinham apenas dois quartos com mobília básica para recolher até 8 desses aventureiros. E no salão havia alguns pequenos objetos decorativos e 4 mesas com um belo tronco de madeira ao centro. As velas estavam dependuradas e ficavam acesas o tempo todo, uma grossa camada de cera derretida formava desenhos de rostos bizarros, que em meio a bebedeira poderiam ganhar vida para algum transeunte louco. As pessoas do lugar se entreolharam confusas com o que acabaram de presenciar. Foi quando um sujeito com o focinho dobrado como um porco coçou no queixo a barba rala e gritou erguendo a toalha branca com manchas de gordura:
_ Peguem ele seus molengas! Peguem esse ladrão!
A confusão foi grande. Copos, canecas e bancos voaram enquanto alguns bárbaros se reuniam do lado de fora olhando em todas as direções, inclusive para cima, para a copa das árvores. Não havia nenhum movimento e não se ouvia nada. Nada mesmo. Esperaram por alguns minutos e um deles reagiu.
_ Ele fugiu por cima como falou para a gente que fez ousando atacar a princesa!
McFort & Bravoalfa levantou sua espada bradando bem alto. Ele era um homem adulto em toda sua virilidade. De uma barba ruiva pendiam duas tranças que combinavam com a longa madeixa que balançava nas costas.
_ Vamos te encontrar ladrão!
E os outros acompanharam fazendo uivos.
Por cima dos mais altos galhos, o intrépido aventureiro estava escondido nas folhagens. Ele tentava tranquilizar-se, pois sabia que sua ousadia dessa vez passara dos limites. E mesmo os homens que não gostam de seus governantes, são homens de bem e não toleram uma ameaça a uma madame. Alguns dos sujeitos tentavam subir pelos troncos mas não tinham agilidade suficiente e seu peso não ajudava em galhos mais finos. O ladrão estava fora de alcance por enquanto.
Suas roupas estavam suadas e ele podia sentir seu peito acelerar quando o grupo passou direto pela árvore em que se empoleirava. Fox “Mãos Ligeiras” esfregou um lenço na testa. Equilibrava-se na ponta dos pés encostando-se a um galho para firmar o corpo. Esperou por muito tempo até se sentir seguro e colocar o pescoço esticado para ver se a estrada abaixo era propicia para ele descer da árvore. Não havia mais nenhum dos bárbaros e ouvia ao longe o ruído de vozes na taverna. Não havia música, o que significava que poderiam os aldeões, camponeses, bárbaros, mercenários, e quem mais se atrevesse a por os pés naquele lugar de luxuria e festejos, estarem reunidos para fazer uma busca atrás do ladrão. Pensando nisso desceu bem devagar e se esgueirou por entre outras margeando a estrada seguindo caminho há leste para se afastar o máximo da origem daqueles sons em que seus donos cortariam seu pescoço sem seu consentimento.
Reteve-se por tempo demais e já era de noite quando começou a caminhar um pouco mais tranquilo até seu casebre perdido no meio daquela floresta. Ele havia feito do lugar seu lar desde que decidiu ser uma pessoa livre sem alianças ou amigos. Só lhe interessava as moedas de ouro e o que ele poderia comprar para seu conforto e suas aventuras. O jovem adulto era ambicioso e gostava de viver os romances para isso. Após levantar as paredes com barro e folhagens, fez um teto de galhos trançados e folhas para se proteger da chuva. Era tudo muito simples, não havia móveis, tapetes, nada, nenhuma cama ou panela. No entanto em um dos cantos poderíamos ver três baús grandes, alguns sacos rechonchudos e duas taças de ouro puro. Ele acendeu a vela que estava num dos cantos e viu a sombra de um rato em sua parede. Como vou lhe pagar essa aposta primo? Não somos primos, e eu te disse que seria fácil roubar um beijo daquela princesa. Seu séquito é limitado e comandado por um homem vaidoso demais para cuidar das pessoas ao seu redor. Eles cruzaram olhares e Rato conseguiu ver nos olhos de Fox algo incomum. Eu acho que você se apaixonou por ela cara! Ficou tanto tempo planejando esse ato que depois de um período acreditou que gostava da Senhorita Princesa Macia!